Há criminosos a explorar a rede social LinkedIn para tentar burlar utilizadores com a promessa de falsos investimentos em criptomoedas. “É uma ameaça significativa”, alerta Sean Ragan, agente especial do FBI, responsável pelos escritórios de São Francisco e Sacramento, na Califórnia, numa entrevista à CNBC.
“Este tipo de atividade fraudulenta é significativa e há muitas potenciais vítimas”, partilhou este responsável, notando que existem “muitas vítimas” deste tipo de burla.
Segundo a informação partilhada pelo FBI, as fraudes exploram a facilidade com que são estabelecidas conexões nesta rede social, especificamente virada para o mundo profissional. Os burlões criam um falso perfil e estabelecem ligação com um utilizador do LinkedIn. A partir daí começa uma conversa aparentemente inofensiva – até que surge a proposta de ajudar a vítima a ganhar dinheiro através de um investimento em cripto.
A CNBC chegou à fala com algumas vítimas desta burla, que referiram que a legitimidade da plataforma LinkedIn fê-las acreditar que os investimentos eram fidedignos. O FBI explica que os utilizadores eram encaminhados para uma plataforma de investimento legítima, mas que após alguns meses – e com a confiança conquistada – eram direcionados para outro site, controlado pelo burlão. E os valores eram retirados da conta.
“É assim que os criminosos fazem dinheiro, é assim que focam o seu tempo e atenção”, comenta o agente do FBI. “Estão sempre a pensar em formas diferentes de fazer vítimas, sejam pessoas ou empresas. E gastam tempo a fazer o trabalho de casa, a definir objetivos e estratégias e quais as ferramentas e táticas a usar”.
O FBI garante que tem assistido a um aumento neste tipo específico de fraude de investimento, confirmando também investigações em curso.
Um dos casos relatados pela CNBC é o de Mei Mei Soe, da Flórida, que diz que perdeu 288 mil dólares (274,4 mil euros), todas as suas poupanças, num esquema do LinkedIn. Tudo começou de forma inocente, sobre os objetivos da presença no LinkedIn, conta, mas algum tempo depois evoluíram para o tema de investimentos. “Mostrou-me quando estava a lucrar com os investimentos e disse-me que devia começar a investir com o Cripto.com, que sei que é um site legítimo”. Tudo começou com 400 dólares, com o valor a aumentar quando passou para um site controlado pelo autor do esquema”.
Do lado do LinkedIn, chega a confirmação do aumento recente das fraudes na plataforma. A rede social, que é controlada pela Microsoft, diz que “reforçou as políticas, que são muito claras: atividade fraudulenta, incluindo esquemas financeiros, não são permitidos no LinkedIn”. A empresa garante que está a trabalhar “todos os dias para manter os utilizadores seguros” e que isso inclui o “investimento em defesa automatizada e manual para detetar e abordar as contas falsas, informações falsas e suspeitas de fraude”.
No ano passado, a empresa eliminou 32 milhões de contas falsas do LinkedIn.
Não confie num emprego “demasiado bom para ser verdade”
O aumento de fraudes no LinkedIn levou Oscar Rodriguez, líder de produto do LinkedIn, a partilhar numa publicação um conjunto de conselhos sobre como os utilizadores podem manter-se seguros na rede social.
“Embora as nossas defesas apanhem a grande maioria de atividades abusivas, os nossos membros podem ajudar a manter o LinkedIn seguro, de confiança e profissional”. A empresa indica que, recorrendo à inteligência artificial, consegue detetar e remover “96% de contas falsas e 99,1% do spam e esquemas”. Além disso, garante que trabalha com “empresas parceiras, legisladores, autoridades e agências governamentais” para manter a segurança da plataforma.
O conjunto de conselhos vai além dos esquemas financeiros com investimentos em criptomoedas, aconselhando também que os utilizadores estejam atentos às vagas de emprego que encontram. “Vagas de emprego que parecem demasiado boas para serem verdade ou que pedem para pagar qualquer coisa. Estas oportunidades podem incluir ser um comprador mistério [prática em que é pedida a alguém para comprar alguma coisa numa loja, com o intuito de avaliar o serviço ao cliente, imitador de uma empresa ou assistente pessoal”, alerta a empresa.
O alerta menciona também reportar contas de pessoas que peçam dinheiro: “isso pode incluir pessoas que lhe pedem para enviar dinheiro, criptomoedas ou cartões-presente para receber um empréstimo, prémio ou outro tipo de coisas”. Por fim, “mensagens ou gestos românticos também não são apropriados na plataforma – e podem ser indicadores de uma potencial tentativa de fraude”, alerta a rede social.