O Presidente da China, Xi Jinping, criticou esta quarta-feira o “alargamento de alianças militares”, o fator responsável, segundo defendeu o governante, pela atual crise na Ucrânia.
O chefe de Estado chinês falava na cerimónia de abertura do Fórum Empresarial das grandes economias emergentes BRICS, evento que acontece antes da cimeira virtual do bloco (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que vai decorrer na quinta-feira a partir de Pequim.
Este grupo de economias emergentes representa mais de 40% da população mundial e quase um quarto da riqueza produzida no planeta, sendo que três dos seus membros – China, Índia e África do Sul — abstiveram-se de votar uma resolução da ONU a condenar a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Pequim e Nova Deli têm laços militares estreitos com Moscovo e estão a comprar quantidades crescentes de petróleo.
“A humanidade conheceu a devastação de duas guerras mundiais e a névoa escura do confronto da Guerra Fria”, disse Xi Jinping, segundo a agência de notícias estatal Xinhua.
Essa dolorosa história mostrou que o confronto entre blocos hegemónicos (…) não traz paz nem segurança, mas apenas guerra e conflitos”, sublinhou, adiantando que “a crise na Ucrânia é mais um alerta para o mundo”.
“A fé cega nas posições de força, o alargamento de alianças militares e a procura da própria segurança em detrimento da segurança de outros países conduzem inevitavelmente a um impasse de segurança“, defendeu Xi Jinping, numa aparente referência à NATO e aos Estados Unidos.
Durante uma conversa telefónica realizada na semana passada, o Presidente chinês assegurou ao seu homólogo russo, Vladimir Putin, que Pequim continuará a apoiar Moscovo em questões de “soberania e segurança”.
A posição foi criticada pelos Estados Unidos, que pediram à China para evitar colocar-se “do lado errado da História”.
A guerra na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro com uma invasão das forças militares russas, levou dois países nórdicos historicamente neutros — a Suécia e a Finlândia — a pedir a adesão à NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), tendo a Aliança Atlântica iniciado já negociações para a sua concretização.
A cimeira dos BRICS acontece numa altura em que a China e a Rússia — que defendem abertamente a construção de uma nova ordem mundial – estão a tentar alargar o grupo, visando aumentar a sua influência política.