Mais de dois anos e meio depois, um acordo de paz que vai ainda a meio: o Sporting anunciou esta quinta-feira, na semana que marca o início da venda dos lugares de temporada em Alvalade, que assinou um protocolo com duas das quatro claques do clube, incluindo a Juventude Leonina com quem tinha quebrado ligação em 2019 no seguimento da contestação a Frederico Varandas num jogo de futsal.

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“O protocolo regula o relacionamento entre o SCP, a SCP SAD e os GOA [Grupo Organizado de Adeptos] durante a época desportiva de 2022/2023, estabelecendo os termos e as condições da concessão de apoios técnicos, financeiros e materiais aos referidos GOA. Em conformidade com o que está estipulado na Lei n.º 39/2009, o protocolo vincula a permanência dos GOA nas Zonas com Condições Especiais de Acesso e Permanência de Adeptos (ZCEAP)”, começou por explicar o clube em comunicado.

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“Os GOA obrigam-se a desenvolver a sua atividade e a apoiar as equipas e os atletas do SCP e da SCP SAD em conformidade com os Estatutos e os Regulamentos do SCP, a Lei n.º 39/2009 e a demais legislação nacional e internacional sobre a violência associada ao desporto, bem como a regulamentação desportiva aplicável. Os GOA assumem ainda a obrigação de promover e incentivar o espírito ético e desportivo junto dos seus membros e dos demais associados do SCP, participando nos espectáculos desportivos sem recurso a práticas violentas, racistas, xenófobas, ofensivas ou que perturbem a ordem pública ou o curso normal, pacífico e seguro da competição e de toda a sua envolvência, nomeadamente, nas suas deslocações e nas manifestações que realizem dentro e fora de recintos”, frisou.

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“O protocolo promove a aquisição de Gamebox destinadas às ZCEAP em condições favoráveis para os membros dos GOA com a sua situação de quotização devidamente regularizada perante o clube, em substituição do regime previsto no acordo anterior que previa a partilha das receitas das quotas de sócios do clube que fossem também sócios dos GOA. O clube e a SAD comprometem-se, por seu lado, a apoiar a deslocação dos GOA no âmbito dos jogos disputados pela equipa principal de futebol profissional na qualidade de visitante, bem como na preparação e implementação de coreografias e ainda na disponibilização de um espaço físico para a prossecução da atividade dos GOA. A vigência do protocolo estará sempre condicionada ao cumprimento por parte dos GOA dos deveres legal e regulamentarmente impostos”, concluiu o comunicado que foi colocado no site oficial do clube ao início da tarde.

De recordar que, já antes, as outras duas claques do Sporting, Diretivo Ultras XXI e Torcida Verde, tiveram reuniões institucionais com representantes do clube leonino, incluindo o presidente Frederico Varandas, mas acabaram por não chegar a acordo para assinarem também o protocolo sobretudo por uma razão que nem se prende de forma direta com o relacionamento com os atuais dirigentes verde e brancos.

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“Foi uma decisão difícil mas tomada por larga maioria em Assembleia Geral Extraordinária de manter-se fiel aos seus princípios, à sua mentalidade e à sua coerência e honrar a posição anteriormente assumida, de oposição à criação, manutenção e frequência das ZCEAP, e, por inerência, de rejeição da celebração do protocolo proposto. Esta decisão não constitui, que fique claro, qualquer tipo de recusa em dialogar, negociar ou relacionar com as referidas instituições e respetivos órgãos sociais. Esta Associação teve, tem e sempre terá a sua porta aberta para o estabelecimento das bases de entendimento e de diálogo necessárias para um salutar relacionamento institucional que vise, acima de tudo e de todos, potenciar o apoio e engrandecer o Sporting. Esta Associação nunca quis, nem quer, e nunca pediu, nem pede, quaisquer apoios, sejam eles de natureza financeira ou logística, para apoiar as equipas e os atletas que representam o Sporting”, tinha destacado a claque Diretivo Ultras XXI em comunicado na semana passada.

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Ou seja, resolvida a questão da Zonas com Condições Especiais de Acesso e Permanência de Adeptos, tudo aponta para que também Diretivo Ultras XXI e Torcida Verde possam assinar o protocolo proposto pela Direção do Sporting, enterrando de vez o “machado de guerra” adensado a partir do último trimestre de 2019. Em paralelo, e com isso, chega também ao fim o diferendo que existia em relação aos espaços ocupados pela Juve Leo e pelo Diretivo na zona adjacente do Estádio José Alvalade, que levou inclusive a que os responsáveis verde e brancos apresentassem pelo menos duas ordens de despejo.

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