O défice das administrações públicas fixou-se em 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre do ano, em contabilidade nacional (a que interessa a Bruxelas), revelou esta sexta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).
“Tomando como referência os valores trimestrais e não o ano acabado no trimestre, o saldo das AP [administrações públicas] no 1º trimestre de 2022 atingiu -233,6 milhões de euros, correspondendo a -0,4% do PIB, o que compara com -6,0% no período homólogo”, refere o INE, num destaque publicado esta sexta-feira. Em 2021, o défice tinha ficado em 2,8% do PIB e para o total deste ano o Executivo prevê que se fixe em 1,9%.
O INE atribui a melhoria do saldo no primeiro trimestre deste ano face ao mesmo período do ano anterior ao aumento de 11,9% da receita, enquanto a despesa total caiu 1,4%. No caso da despesa, houve uma redução de 2,4% da despesa corrente, resultado da queda dos encargos com juros (-12,6%) e dos subsídios pagos (-77,8%, para 349,7 milhões de euros), este último por via da redução dos apoios pagos às empresas no âmbito da Covid-19 (que levou, no início de 2022, a um abrandamento das restrições à economia).
O mesmo efeito não se viu nas despesas com prestações sociais, que aumentaram 3,9% (para 9,6 mil milhões), enquanto as de pessoal recuaram 3,8% (para 5,7 mil milhões). O consumo intermédio registou um aumento de 10,2% e a outra despesa corrente de 1,7%. A despesa de capital aumentou 21,4%, em resultado do crescimento de 21,3% do investimento e de 21,7% da outra despesa de capital.
A nível das receita, foram os impostos sobre a produção e importação, onde está incluído o IVA, a disparar mais: 25,1%, para um total de receita de 8,4 mil milhões de euros.
Já os impostos sobre o rendimento e património, incluindo IRS e IRC, viram as receitas subir 11,6% para 4,3 mil milhões. E as contribuições sociais subiram 8,2%, para um total de 6,5 mil milhões.
Taxa de poupança diminui para 8,3% à boleia do consumo
O INE adianta ainda que a taxa de poupança das famílias caiu 2,4 pontos percentuais face ao trimestre anterior para 8,3% do rendimento disponível bruto. A evolução deveu-se ao “aumento em 4,1% do consumo privado”, que foi superior ao crescimento do rendimento disponível (de 1,4%).
Para o instituto, a taxa de poupança das famílias “mede a parte do rendimento disponível que não é utilizado em consumo final, sendo calculada através do rácio entre a poupança bruta e o rendimento disponível (inclui ajustamento pela variação da participação líquida das famílias nos fundos de pensões)”.
O rendimento bruto ajustado das famílias per capita ficou em 17,2 mil euros no primeiro trimestre de 2022, o que representou um aumento de 1,5% face ao trimestre anterior