Olhando para o passado recente, nada estava perdido para o Benfica depois da derrota por 9-6 no jogo 3 da final do Campeonato de hóquei em patins – e para isso bastava recuar até à eliminatória anterior, quando perdeu também o jogo 3 das meias com o Sporting, estava a um desaire do afastamento mas conseguiu dar a volta no Pavilhão João Rocha. Mas, olhando também para o passado recente, o FC Porto poderia estar mesmo próximo da vitória do Campeonato – e para isso bastava recuar à última final da prova, primeira resolvida em sistema playoff, em que o Sporting venceu o jogo 3 no Dragão Arena e fechou depois o título de novo fora no jogo 4. O Pavilhão da Luz recebia este sábado o último jogo da época ou o passaporte para mais 50 minutos (ou mais) que iriam decidir e qualquer erro teria um peso ainda maior na decisão.

Um recital decidido em oito minutos: FC Porto vence Benfica em jogo com 15 golos e fica a uma vitória da conquista do Campeonato

“Acreditamos que vamos ser iguais a nós próprios em casa, que vamos conseguir anular os pontos fortes do adversário e potenciar o que são as nossas mais-valias para podermos ir para quinto jogo. Temos de preparar o jogo segundo a segundo, minuto a minuto, ajustar quer a parte física, quer a mental, mas também a estratégica e tática. Quando estamos a jogar partidas com características de mata-mata, com exceção da final da Taça de Portugal frente ao FC Porto, temos tido nota de excelência e ultrapassado todos esses jogos de enorme grau de dificuldade. Esse é um fator positivo e motivacional, que nos dá alento. Queremos muito dar essa satisfação”, tinha destacado o técnico dos encarnados, Nuno Resende.

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Agora o tango foi outro: Benfica vence FC Porto na Luz com show argentino e empata final do Campeonato

“É uma final em que cada jogo é diferente. Não podíamos pensar no primeiro jogo que fizemos em casa que foi muito bom, nem no da Luz em que criámos muitas oportunidades apesar de não termos conseguido marcar. Já sabíamos que este jogo ia ser totalmente diferente dos dois anteriores mas tínhamos de fazer aquilo que temos trabalhado durante toda a época. Tentámos impor o nosso jogo e era isso que queríamos. Agora, podemos olhar para o primeiro jogo que fizemos lá e partir daí, mas o treinador é que sabe o que vamos fazer e o que é melhor para nós. Vamos preparar-nos bem mas já sabemos que não podemos cometer erros em pormenores que fazem a diferença e que temos de entrar para ganhar. Queremos acabar esta final no quarto jogo e concretizar o objetivo que traçámos há 10 ou 11 meses”, salientara Reinaldo Garcia, capitão dos azuis e brancos que poderia carimbar mais um título na presente temporada.

Um início quase perfeito: FC Porto goleia Benfica no Dragão Arena e ganha vantagem na final do Campeonato

Depois de duas vitórias claras de quem jogava em casa nos encontros iniciais (5-0 para o FC Porto, 3-0 para o Benfica), o jogo 3 foi um autêntico recital ao hóquei em patins com os encarnados a conseguirem virar o jogo para seu lado em poucos minutos na segunda parte com três golos de rajada mas os dragões a fazerem quatro golos em oito minutos que colocaram uma distância que se iria revelar irrecuperável. Agora, tudo ficou quase resolvido em pouco mais de três minutos, quando o Benfica virou de 1-2 para 4-2 no segundo tempo. E mesmo entre baixas nas opções conseguiu forçar a “negra” num ambiente eletrizante.

O encontro começou a papel químico das duas partidas no Dragão Arena, com Carlo Di Benedetto a ficar perto do primeiro golo logo no minuto inicial, mas o nulo manteve-se como no jogo 2 no Pavilhão da Luz entre oportunidades nas duas balizas e um Pol Manrubia a voltar a mostrar que atravessa um dos melhores momentos desde que chegou aos encarnados. Foi entre essa toada de equilíbrio que Gonçalo Alves, em branco nas duas últimas partidas, conseguiu finalmente desatar o nó no clássico, aproveitando uma saída rápida dos dragões para não perdoar em frente a Pedro Henriques para o 1-0 (10′).

Ao contrário do que se passou no jogo 3, com 15 golos como não havia há muito no clássico, as duas equipas continuaram a sustentar a sua organização numa defesa segura que depois potenciasse a eficácia no ataque, tentando evitar que o encontro se partisse muito em transições que podiam cair para qualquer lado. Com isso, foi preciso esperar até à parte final antes do intervalo para haver mais golos, no caso com Nicolia a aproveitar a décima falta dos dragões para marcar de livre direto (22′). Depois, aquilo que estava a ser de novo um jogo correto dentro dos habituais ânimos quentes de um clássico descambou de vez. 

Num lance perto da tabela final da baliza do Benfica, Reinaldo Garcia fez falta sobre Carlos Nicolia, o jogador encarnado fez passar o stick perto do capitão dos dragões, os dois acabaram por ser envolver numa acalorada troca de palavras mas sem qualquer contacto físico (até por se conhecerem há muitos anos da seleção da Argentina também) e viram cartão azul, numa decisão de Miguel Guilherme que parecia querer segurar o jogo. No entanto, e por alegadas palavras que terá dito quando seguia para o banco (neste caso de costas para o árbitro e sem que Joaquim Pinto conseguisse ver o que se passava), o avançado argentino acabou por ser expulso com vermelho direto, incendiando de vez os ânimos nas bancadas da Luz.

O intervalo chegou com o empate mas com muitos protestos na saída da dupla de arbitragem, numa altura em que Rui Costa já tinha também descido da tribuna para perceber o que se passava. E não acalmou no descanso e no recomeço da partida, com Luís Sénica, presidente da Federação Portuguesa de Patinagem que assistia ao clássico na tribuna, a sair mesmo daquela zona perante os protestos dos adeptos da casa. Os encarnados, que voltavam a não contar com Lucas Ordóñez por lesão, ficavam também sem Nicolia e numa situação de under play que abriu oportunidade para Gonçalo Alves fazer o 2-1 num tiro de meia distância (27′). Tudo se complicava antes de três minutos que acabariam por virar de vez a partida.

No seguimento da 15.ª falta dos visitantes, Pablo Álvarez não perdoou de livre direto e fez o empate (32′), antes da reviravolta com dois azuis à mistura: Álvarez falhou um livre direto após exclusão de Gonçalo Alves por falta sobre Gonçalo Pinto, Xani Malián carregou Álvarez para penálti vendo também azul, Diogo Rafael fez o 3-2 de penálti (34′) e, ainda em power play, Álvarez bisou para o 4-2 após assistência de Gonçalo Pinto para desvio à boca da baliza (35′). Xavi Barroso, num lance em que Pedro Henriques foi mal batido, ainda reduziu (39′) mas Pol Manrubia, depois de um grande passe de meia pista de Diogo Rafael, voltou a colocar a diferença nos dois golos com o melhor golo do jogo (42′). Di Benedetto e Álvarez ainda falharam livres diretos mas, depois do azul a Reinaldo Garcia, o clássico ficou de vez resolvido.