Uma superioridade inquestionável no jogo 1 por parte do FC Porto, uma superioridade inquestionável no jogo 2 por parte do Benfica. A final do Campeonato de hóquei em patins acabou por ter resultados (e até exibições) que se anularam, regressando a uma “estaca zero” que tinha o condão de diluir a questão do desgaste mais acentuado dos encarnados depois da eliminatória das meias-finais resolvida apenas no jogo 5 e após prolongamento frente ao Sporting. No entanto, mantinha-se a mesma tónica que tem marcado os playoffs de 2021/22: a importância do fator casa no desfecho final. E, mais uma vez, era isso que o FC Porto iria tentar confirmar (chegava com 18 vitórias noutras tantas partidas a este clássico, sendo que um desses triunfos foi nos penáltis com o Óquei de Barcelos) e o Benfica iria tentar inverter, com esse exemplo do que aconteceu no dérbi decisivo do Pavilhão João Rocha que afastou o (ainda) campeão.

Agora o tango foi outro: Benfica vence FC Porto na Luz com show argentino e empata final do Campeonato

“Não podemos pensar no jogo 4 nem no jogo 5 se não ganharmos este. Queremos é vencer o jogo 3 junto do nosso público, porque sabemos que o Dragão Arena vai estar cheio e isso será uma grande ajuda. É uma final, são sempre jogos equilibrados e este não vai fugir à regra. Conseguimos a vitória aqui, perdemos na Luz, este será um jogo diferente. O Benfica veio aqui e também não marcou nenhum golo. Estiveram apáticos e nós também passámos dificuldades no pavilhão deles. Cada jogo é um jogo e os dois primeiros já passaram. O que fiz bem no jogo 1 e mal no jogo 2 já passou, agora vou encarar este de maneira e temos de voltar ao nosso registo, que é atacar bem e defender melhor para conseguirmos marcar mais golos do que o adversário”, destacara antes da partida Gonçalo Alves, grande goleador dos azuis e brancos que nem de bola parada conseguiu marcar no Pavilhão da Luz entre três oportunidades de livre direto e penálti.

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Um início quase perfeito: FC Porto goleia Benfica no Dragão Arena e ganha vantagem na final do Campeonato

“Queremos ir buscar a vitória. Temos trabalhado muito a parte física, que vinha muito sobrecarregada da meia-final com o Sporting. Vai ser um jogo de extrema dificuldade, frente a um FC Porto vencedor da fase regular com um trajeto imaculado em casa, com os seus adeptos. Temos de contrariar isso, temos de ser muito unidos e coesos em campo. O apoio dos adeptos não foi só no final, em casa os adeptos tornam-se o sexto elemento. Não teremos os adeptos mas sabemos que para sermos campeões nacionais temos de vencer um jogo no Dragão Caixa. Vamos querer três vitórias, vamos trabalhar para isso. Já passámos por muitos obstáculos. Temos crescido muito enquanto coletivo e grupo. Batemos muito com a cabeça na parede mas temos ficado mais fortes”, salientara Poka, defesa internacional português que deixou de ser opção dos dragões a meio das últimas meias-finais por se ter vinculado com os encarnados.

Gonçalo Alves e Poka eram dois exemplos de algo que começa a ser quase recorrente neste tipo de jogos: jogadores que se conhecem há anos por serem companheiros de equipa no clube e na Seleção ou mesmo adversários, equipas que levavam já cinco encontros esta temporada entre fase regular e playoff final do Campeonato e Taça, treinadores que fazem a sua primeira época mas que conseguiram definir um modelo de jogo nos seus conjuntos embora no caso de Nuno Resende tivesse uma baixa de peso com a ausência de Lucas Ordóñez (antes tinha sido Pablo Álvarez). Era nos detalhes e na materialização dos momentos por cima que iria estar a diferença, com o FC Porto a ganhar assim no melhor clássico da temporada que não tinha tantos golos num só jogo há cinco anos, quando os dragões tinham vencido por 9-7.

A partida começou quase a papel químico do arranque do jogo 1 da final, com Gonçalo Alves a conduzir uma saída rápida, a assistir Di Benedetto e o francês a contar com um desvio infeliz de Diogo Rafael que enganou Pedro Henriques para inaugurar o marcador com pouco mais de um minuto jogado. A partida acalmou depois um pouco, com o Benfica a querer quebrar logo esse ascendente da equipa da casa, mas em menos de 20 segundos houve uma fase de loucos com três golos: Xavi Barroso aproveitou o facto de Pedro Henriques não estar na baliza após um lance com Di Benedetto para fazer o 3-1 aos 7.31, Pablo Álvarez reduziu com um remate oportuno em zona central aos 7.44, a bola foi ao meio-campo e Ezequiel Mena, aproveitando um bloqueio que deixou um adversário fora do lance, atirou para o 3-1 aos 7.49.

Ao contrário do que é normal nos jogos mais decisivos, em menos de dez minutos já havia quatro golos, número que aumentou ainda bem antes do intervalo numa saída rápida 4×3 que deixou Gonçalo Pinto em posição de remate à direita para um tiro ao ângulo que voltou a reduzir a desvantagem (16′). E houve mais oportunidades para avolumar essa contabilidade sobretudo para os azuis e brancos, com o descanso a chegar com a margem mínima mas com duas equipas a discutirem de forma aberta a vitória.

Quando se pensava que a segunda parte seria diferente e com um maior rigor no plano defensivo, o que aconteceu foi o contrário: Ezequiel Mena demorou apenas 14 segundos para fazer o 4-2 após uma grande combinação com Xavi Barroso, Pedro Henriques voltou a ser mais forte na bola parada defendendo mais um penálti de Gonçalo Alves (28′) e os encarnados conseguiram em minutos consecutivos aproveitar um período de maior desconcentração dos dragões para empatarem todas as contas, com Gonçalo Pinto a marcar num remate de meia distância (29′) e Pablo Álvarez a bisar também logo de seguida (30′).

Ricardo Ares, treinador do FC Porto, parou de imediato o encontro mas nem por isso conseguiu ver logo resultados, com o Benfica a conseguir de novo surpreender numa excelente jogada ofensiva com passe final de Diogo Rafael para Gonçalo Pinto fazer o hat-trick ao segundo poste (33′). Os azuis e brancos, que desde início tinham liderado o marcador, tinham de enfrentar a desvantagem à beira da décima falta e perante uma formação encarnada com boas saídas rápidas nas transição mas ainda antes de “darem” esse livre direto ao adversário viraram o jogo para 8-5 em oito minutos com golos de Reinaldo Garcia (35′), Xavi Barroso (39′), Telmo Pinto (41′) e de novo Reinaldo Garcia (43′) que quase fecharam as contas, antes de Nicolia reduzir na recarga de um livre direto travado primeiro por Xavi Malián (46′) e Carlo Di Benedetto fazer o 9-6 final também num livre direto após cartão azul (exagerado) a Pablo Álvarez (48′).