Cada coisa a seu tempo. Na última Assembleia Geral do clube, Rui Costa, presidente do Benfica, colocou o enfoque na necessidade de abrir uma nova era no futebol dos encarnados, justificando também assim a sua aposta em Roger Schmidt, alemão que será o primeiro técnico estrangeiro na Luz desde Quique Flores em 2008/09. O antigo timoneiro do PSV, onde ganhou a Taça e a Supertaça dos Países Baixos na última época, não demorou a justificar (nas palavras) esse ciclo diferente que se pretender implementar.

Os elogios de Schmidt à chegada no dia 1: “É um dos melhores do mundo. Se amamos futebol, amamos o Benfica”

Depois da mediática frase do “Se amamos o futebol, amamos o Benfica” na chegada a Lisboa para assinar contrato no Museu Cosme Damião e conhecer com maior detalhe o Estádio da Luz e o Benfica Campus no Seixal, o técnico não quis prestar declarações quando regressou agora a Portugal, agradecendo entre sorrisos já num “obrigado” em bom português e remetendo as declarações para esta segunda-feira, dia que marcava o primeiro treino no relvado após um fim de semana dedicado apenas a exames médicos. Assim foi, não se furtando a qualquer questão a começar desde logo pela explicação dessa ideia deixada no primeiro contacto que teve com a imprensa portuguesa ainda em pleno aeroporto Humberto Delgado.

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“Foi uma questão no aeroporto. O que eu quis dizer foi que todos amamos futebol e há alguns clubes que têm uma longa história e tradição, com jogadores incríveis. Clubes que venceram muitos títulos. Eu sou alemão, de longe de Portugal, mas o Benfica para mim é um desses clubes”, explicou, antes de abordar variados temas entre objetivos para a época, rivais, mercado de transferências e plantel antes de deixar o repto aos adeptos para se deslocarem ao Estádio da Luz para um treino aberto este domingo.

“Não sinto pressão. Se tivesse ganho, a pressão seria a mesma”

Roger Schmidt chega ao Benfica numa fase em que a equipa não ganha qualquer título desde agosto de 2019, tendo visto daí para cá o FC Porto ganhar dois Campeonatos entre cinco títulos e o Sporting um Campeonato entre quatro troféus. “Se o Benfica tivesse ganho, a pressão seria a mesma. Os responsáveis do Benfica acreditam em mim e agora é o momento para lhes mostrar que fizeram a escolha certa. Se te juntares a um clube de topo numa certa Liga, há sempre a pressão de ganhar, aconteceu-me noutros clubes. Acho que temos de estar motivados e é nisso que temos de nos focar. Não sinto a pressão”, referiu.

“Claro que estou ansioso por ver o estádio cheio, os adeptos connosco. Os adeptos são muito fervorosos e precisamos deles para jogar ao nosso melhor nível. Vai ser essencial estarmos sempre todos juntos para atingirmos coisas boas. Gostaríamos de convidar os adeptos para virem ter connosco ao nosso estádio no próximo domingo, queremos fazer um treino aberto”, acrescentaria depois no final da conferência.

“FC Porto foi justo campeão, Sporting tem qualidade mas temos de olhar para o presente”

Olhando também para os rivais diretos na luta pelo título, o alemão apelidou o FC Porto de “justo campeão” mas não viu na estabilidade técnica dos dragões e do Sporting uma desvantagem direta, antes de comentar também os árbitros portugueses… não comentando. “Opinião sobre os árbitros? Tenho de conhecer… É sempre uma posição especial no futebol. Vamos ver. Li coisas sobre isso mas vou esperar para ter a minha própria impressão. O FC Porto tem qualidade, foi um justo campeão, e o Sporting também tem muita qualidade. Agora temos de olhar para o presente, trabalhar, e estar preparados para lutar”, frisou.

“Estabilidade dos concorrentes? Como disse antes, isso é o passado. Todos começam a nova época ao mesmo tempo e estamos focados em melhorar o nosso desempenho, no nosso futebol. Queremos ser mais estáveis nas nossas exibições e somar mais pontos. Temos de estar concentrados na nova época e queremos um desfecho diferente”, acrescentou ainda a esse propósito Roger Schmidt.

“Tenho uma ideia de como quero jogar mas estou aberto a ajustes”

O treinador germânico abordou também o número excessivo de jogadores que tem nesta fase, reforçando que é neste espaço de pré-temporada que se tomam decisões sobre o plantel. “Cortar o número de jogadores é urgente? Urgente não… Não se pode ter uma equipa de 40 jogadores na pré-época mas esta fase serve precisamente para isso, para ver o trabalho dos jogadores e tomar decisões. No final da pré-época acho que temos de ter um plantel para nos focarmos e termos os jogadores com as caraterísticas certas. Temos um bom grupo e estamos a trabalhar bem, nas próximas semanas faremos ajustes”, referiu.

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“Estou muito entusiasmado pelas semanas que aí vem. Claro que conheço todos os jogadores, a equipa. Temos alguns jogadores que voltam de empréstimo e outros jogadores muito jovens, estou muito entusiasmado para os ver nos treinos. Estou ansioso e tenho a certeza que temos muita qualidade, uma boa mentalidade. A pré-época é sempre muito importante mas já não temos muito tempo. Tenho uma ideia de como quero jogar mas também estou aberto a ajustes consoante a qualidade dos jogadores”, disse ainda, num arranque que terá como foco a terceira pré-eliminatória da Champions no início de agosto, com as duas mãos a serem separadas pelo arranque do Campeonato que terá o sorteio no dia 5 de julho.

“Ricardo Horta podia ser uma grande melhoria para a equipa”

Schmidt falou também abertamente de mercado, das contratações feitas como Enzo Fernández às que não aconteceram como Mario Gotze, abordando ainda a possibilidade de Ricardo Horta chegar e de Julian Weigl sair. “Claro que estamos muito felizes depois de o Enzo [Fernández] se ter juntando a nós. É muito talentoso. O melhor seria ele chegar o mais cedo possível mas temos de esperar pelos próximos jogos. Estamos ansiosos por trabalhar com ele. Gotze? O Mario foi meu jogador, trouxe-o para o PSV. Claro que podia ser um bom jogador para o Benfica mas ele foi muito claro: queria ficar na Alemanha, com a família, e foi isso que pesou mais na decisão. É um assunto encerrado”, salientou o técnico alemão.

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“Weigl? Acho que é um jogador experiente, já o mostrou na Alemanha, pode ser um jogador de topo. Conhecia-o da Bundesliga quando o treinava no Bayer Leverkusen e agora estou à procura de ter mais informações sobre ele. É um bom jogador, uma ótima pessoa, vamos ver o que vai acontecer. Ricardo Horta? Acho que é um jogador muito bom. Não tenho a certeza se vamos conseguir contratá-lo mas acho que podia ser uma grande melhoria para a equipa, veremos o que vai acontecer”, concluiu.