Uma primeira sessão à chuva em que brilhou um outsider, uma segunda sessão com piso seco que deixou os três melhores do Campeonato fora dos três mais rápidos, uma terceira sessão na manhã deste sábado em que o campeão mundial cravou uma diferença de 0.4 ou mais para todos os outros. Os treinos livres para o mítico Grande Prémio da Grã-Bretanha, em Silverstone, tinha sido um autêntico carrossel de emoções e a antecâmara da qualificação não chegava de uma forma muito diferente, com as equipas a recorrerem mais uma vez a todos os especialistas de meteorologia para perceberem se e quando podia voltar a chover.

Foi nessas condições que Valtteri Bottas agarrou no seu Alfa Romeo e foi o mais rápido na manhã desta sexta-feira, superando por mais de meio segundo o foco de todas as atenções esta semana, Lewis Hamilton, que além de ser um dos pilotos da casa viu-se envolvido numa polémica após Nelson Piquet ter proferido palavras racistas num comentário à prova do ano passado num programa que não demoraram a ser muito criticadas pelos mais variantes quadrantes entre pilotos, equipas e organização. Depois, já com piso seco, Carlos Sainz conseguiu superar a concorrência de novo com Hamilton em segundo e outro britânico, Lando Norris, a ser o terceiro mais rápido. Esta manhã, os dois Red Bull tinham conseguido os melhores tempos com o neerlandês como líder e a Mercedes a registar tempos na mesma linha da Ferrari.

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Verstappen mostrava-se satisfeito com as melhorias do carro, Hamilton falava em boas sensações neste regresso a Silverstone onde ganhara por oito ocasiões e levava três triunfos consecutivos e sete nos últimos oito anos, Leclerc e Sainz procuravam as armas de última hora para se colocarem na luta por mais uma pole position. Mas enquanto tudo isso acontecia, os olhos estavam focados no céu e no que poderia ou não vir a cair a partir das 15h no circuito de Silverstone. E se a pontualidade não foi bem, bem britânica, não andou longe: quatro minutos antes do previsto, a um quarto de hora do arranque, começou a chover.

A conversa via rádio de Daniel Ricciardo com a equipa da McLaren era um exemplo paradigmático de como a saída para a pista estava muito condicionada, com a formação britânica a avisar o australiano que previa que a chuva parasse dentro de oito minutos quando faltavam apenas 15 para o final da Q1. E como um mal nunca vem só, ainda houve a certa altura uma bandeira amarela que podia ter condicionado algumas voltas rápidas. Os tempos mostravam que a pista parecia estar a melhorar e começava a fuga aos últimos cinco lugares, com constantes voltas mais rápidas de quase todos os pilotos. Foi mesmo até à última, com uma surpresa chamada Nicholas Latifi a deixar de fora os dois Haas (Kevin Magnussen e Mick Schumacher), os dois Aston Martin (Vettel e Lance Stroll) e o outro Williams de Alexander Albon.

Com Red Bull, Ferrari, Mercedes e em parte a McLaren (a parte de Norris, entenda-se) com os tempos mais rápidos, a guerra pelo corte na Q2 estava resumida apenas a metade dos pilotos e com a pista a apresentar mais dificuldades depois de mais um pequeno período de chuva que se fez sentir e que tirou até as linhas que estavam a ser desenhadas. Mais: a Q2 teve até um pouco mais de nevoeiro, bem percetível em algumas zonas do circuito pelas imagens televisivas. No meio de todas as dificuldades, Latifi passou de novo pelos pingos da chuva (literalmente), fixou um bom tempo antes de a chuva voltar com mais intensidade e deixou de fora os dois Alpha Tauri (Gasly e Tsunoda), Ricciardo, Ocon e Valtteri Bottas.

Pela primeira vez, a Williams conseguia chegar à Q3 em 2022 e logo no Grande Prémio “em casa”. Mas surgia agora o último teste à dieta de emagrecimento dos Red Bull e do RB18, um carro que esteve sempre acima dos 798 quilos estabelecidos como peso mínimo pela Federação Internacional de Automobilismo. De acordo com o analista Paolo Filisetti, citado pelo jornal Marca, a equipa conseguiu fazer algumas mudanças que tiraram quase dois quilos aos monolugares (1,8kg) e dariam mais 0.2 por segundo de vantagem mas mais uma vez a chuva seria a grande protagonista, com mais chuviscos, os dez carros a saírem logo para a pista e Verstappen a fazer um peão… festejado nas bancadas. O neerlandês parecia ser o mais rápido, Leclerc tentava ainda a pole mas Carlos Sainz saiu como herói do dia, fazendo uma volta perfeita que o próprio parecia não acreditar que lhe deu a primeira pole position no 150.º Grande Prémio, ficando à frente de Verstappen, do companheiro de equipa Leclerc e do outro Red Bull de Sergio Pérez.