Um investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) desenvolveu um sistema de sensores de temperatura e humidade que visam a deteção precoce de incêndios florestais e a mais rápida mobilização de meios, foi esta segunda-feira anunciado.

O dispositivo criado por António Valente, investigador e professor da UTAD, em Vila Real, pretende “antecipar alertas de ignições nas florestas” e tornar-se num “instrumento valioso na prevenção e combate dos fogos florestais”.

É, segundo refere num comunicado divulgado esta segunda-feira pela UTAD, um “novo vigilante florestal” e o projeto consistiu na “conceção de um pequeno aparelho, do tamanho de um telemóvel”

Segundo explicou o especialista à agência Lusa, trata-se de uma rede de sensores de temperatura, humidade, pressão atmosférica e de dióxido de carbono (CO2) que poderão ser colocados em locais estratégicos, como de maior risco de incêndio, e transmitem dados através de uma rede sem fios, designada de “LoRaWAN”.

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Neste projeto não é usada a rede de telecomunicações normal, mas sim esta rede “LoRaWAN” que consegue transmitir os dados a uma distância de cerca de sete quilómetros.

António Valente desenvolveu os “nós autónomos de sensorização”, isto é, explicou, “os módulos de hardware” que contêm os sensores e que transmitem os dados através daquela rede sem fios.

O investigador referiu que os dados são enviados para um sistema central e, assim, ao ser detetada precocemente uma ignição, podem ser mobilizados mais cedo os meios de combate ao incêndio e minorados os seus danos.

Tratam-se, frisou, de “sensores de baixo custo e, essencialmente, fáceis de instalar e manter”, podendo ser utilizados para medir diversos parâmetros ambientais, tais como “temperatura do solo e do ar, velocidade, rajada e direção do vento, teor de água no solo, tensão da água e condutividade elétrica, radiação solar, precipitação, pressão atmosférica e contagem de relâmpagos”.

Mas, para além do uso na deteção de incêndios, este dispositivo pode também ser usado na agricultura, alertando, por exemplo para a necessidade de rega.

“A agricultura inteligente em geral, mas principalmente quando os campos agrícolas são muito heterogéneos, como é o caso da Região Demarcada do Douro, requer um grande número de sensores para obter um controle efetivo e, assim, aumentar a produtividade”, referiu António Valente.

O projeto encontra-se em fase experimental de aplicação simulada em “territórios estratégicos” e os resultados devem ser divulgados em breve.

A iniciativa está inserida nas atividades do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), de que a UTAD faz parte.