“Rafael Nadal é um dos maiores lutadores da história do desporto.” Foi assim, com uma frase simples adiantada pela conta oficial do US Open e repetida por milhares de pessoas nas redes sociais, que o universo do ténis reagiu à impressionante exibição do tenista espanhol nos quartos de final de Wimbledon. Nadal começou a perder, quase desistiu, resistiu e venceu — e está nas meias-finais do terceiro Grand Slam do ano depois de ter conquistado os dois primeiros.

Depois de ganhar o Open da Austrália e Roland Garros, o tenista de 36 anos derrotou o norte-americano Taylor Fritz, que ainda nem sequer tinha perdido um set nesta edição de Wimbledon. Com dificuldades físicas visíveis, essencialmente numa zona inferior do abdómen onde tinha ligaduras, Nadal perdeu o primeiro set (6-3) e chegou a dar a ideia de que ia desistir. Recolheu aos balneários para ser avaliado pela equipa médica e viu o pai, a irmã e o tio e antigo treinador a pedirem-lhe que desistisse a partir das bancadas. Maribel, a irmã, pareceu mesmo dizer “Rafa, please”.

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Mas Nadal ficou. Voltou ao court e empatou a partida, vencendo o segundo set (5-7) e deixando todos os presentes no All England Club a aplaudi-lo de pé. Perdeu novamente o terceiro (6-3) e voltou a responder no quarto (5-7), resistindo de forma heroica às dores abdominais que claramente o estavam a limitar.

O thriller de quase quatro horas e meia, finalmente, chegou ao quinto e derradeiro set: demonstrando uma experiência e inteligência que compensam a inevitabilidade da idade, o espanhol derrotou Taylor Fritz no derradeiro tie-break com um claro 4-10 (6-7) e carimbou o passaporte para as meias-finais numa partida em que soube sempre responder nos jogos em que servia às dificuldades que sentia nos jogos em que defendia.

Nas meias-finais, Nadal vai defrontar Nick Kyrgios, que bateu Cristian Garín em três sets e que é também nesta altura um dos principais candidatos à vitória final. Claramente limitado por problemas físicos e com dores abdominais que vão dificultar essencialmente a resposta aos serviços letais de Kyrgios, o espanhol prossegue a demanda pelo terceiro Grand Slam da época, o 23.º da carreira e o terceiro Wimbledon a título pessoal. E continua a demonstrar que é, claramente, um dos maiores lutadores da história do desporto.

O álcool, as drogas e uma redenção sem deixar de ser quem é: Nick Kyrgios faz história em Wimbledon e chega às meias-finais