O presidente executivo do grupo automóvel Stellantis, Carlos Tavares, anunciou esta quinta-feira que começará a ser produzido na fábrica de Mangualde, a partir de outubro deste ano, um quarto modelo de veículos comerciais ligeiros, o Fiat Doblò.

Mangualde recebe uma quarta marca e mais um modelo para produzir”, disse Carlos Tavares, durante o discurso da sessão comemorativa dos 60 anos desta fábrica, que produz atualmente os veículos Peugeot Partner, Citroën Berlingo e Opel Combo.

Segundo Carlos Tavares, o novo Fiat Doblò “aproveitará o bem-sucedido programa de veículos comerciais ligeiros (K9), contribuindo para a liderança da Stellantis nos mercados de veículos comerciais ligeiros tanto em Portugal, com 45% de quota de mercado, como na Europa”.

“Este quarto modelo cria uma ainda maior eficiência e competitividade das instalações, para responder a um mercado automóvel cada vez mais diversificado, exigente e impactado por fatores externos”, sublinhou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O presidente executivo do grupo Stellantis avançou também que “haverá um dia nesta fábrica um veículo elétrico”, atendendo ao que está planeado em termos de vendas.

“O que está ainda em aberto hoje é a data em que vai ser executado esse plano”, porque “ainda há muitas incógnitas acerca da velocidade a que as vendas e a procura dos veículos elétricos vão crescer”, explicou.

O responsável lembrou que, “para além da excelência dos seus produtos e serviços, a Stellantis assumiu o compromisso de se tornar campeã do setor contra as alterações climáticas e líder mundial na descarbonização”, tendo, no seu plano estratégico Dare Forward 2030, estabelecido o objetivo de alcançar a neutralidade carbónica até 2038.

Neste âmbito, outra novidade que deixou em dia de aniversário foi a implementação na fábrica de Mangualde de um projeto de captação de energia solar fotovoltaica para autoconsumo.

“Já podem ver as primeiras obras deste grande projeto ambiental, que cobrirá 31% das necessidades anuais de energia elétrica da fábrica, permitindo evitar as emissões de CO2 anuais em 2.500 toneladas”, sublinhou.

Carlos Tavares explicou que “o projeto integra mais de seis mil painéis fotovoltaicos, ocupando uma área equivalente a seis campos de futebol”, o que permitirá uma potência instalada “equivalente ao consumo anual de 320 casas”.

“Esta é uma forma limpa e sustentável de ir ao encontro da nossa visão, mas é uma necessidade imperiosa para uma fábrica que só sobrevive aumentando a sua competitividade face a um contexto cada vez mais marcado pela constante subida vertiginosa dos custos energéticos”, justificou.

Atualmente, “este custo é três vezes superior ao mesmo período de 2021”, afirmou.

Na presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, Carlos Tavares lamentou o preço dos custos da energia em Portugal, considerando que são “uma penalidade muito importante para fabricar um automóvel”.

“Tudo o que possa ser feito para melhorar a competitividade do custo de energia vai ajudar não só a indústria automóvel, mas muitas outras indústrias que utilizam muita energia”, considerou.

Em declarações aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa realçou que esta fábrica “não nasceu em Lisboa, no Porto, no litoral, nasceu em Mangualde”.

“Tem sido um exemplo espetacular quer de gestão, quer de papel dos trabalhadores, e, num momento de crise, de guerra, de pandemia, em que as coisas puxam para baixo com o preço da energia e de muitos bens, é uma ótima notícia haver esta aposta”, frisou.

Simbolicamente, Marcelo Rebelo de Sousa condecorou com a sigla de Oficial da Ordem de Mérito o colaborador mais antigo da fábrica, António Loureiro Marques, e estendeu a distinção a todos os que nela trabalharam nos últimos 60 anos.

Inaugurado em 1962, o centro de produção de Mangualde — a fábrica de automóveis mais antiga do país – alcançou este ano o marco de um milhão e meio de veículos produzidos desde a sua fundação (com 22 modelos diferentes).