Quando perdeu subscritores pela primeira vez em mais de uma década, a Netflix revelou que estava a avaliar a hipótese de lançar um plano de subscrição mais barato suportado por anúncios publicitários — depois de anos a resistir a esta mudança.

Agora, na passada quarta-feira, a Netflix anunciou que vai trabalhar com a Microsoft para o desenvolvimento dessa modalidade mais barata. “A Microsoft tem a capacidade comprovada de oferecer apoio a todas as nossas necessidades de publicidade enquanto trabalhamos juntos para criar uma nova oferta com suporte para anúncios. Mais importante, a Microsoft ofereceu a flexibilidade para inovar ao longo do tempo tanto no lado da tecnologia quanto nas vendas “, justificou o serviço de streaming numa publicação no seu blog.

Por sua vez, também num comunicado partilhado online, a Microsoft falou num “grande dia” para as duas empresas e referiu que quando o plano for lançado “os consumidores terão mais opções para aceder ao conteúdo premiado da Netflix”. “Todos os anúncios oferecidos na Netflix estarão exclusivamente disponíveis através da plataforma Microsoft”, lê-se na nota emitida pela gigante tecnológica que vai colaborar e ajudar na concretização do projeto com o conhecimento técnico e comercial que possui.

A CNBC avançou que foram considerados outros parceiros como a Google ou a Comcast. Contudo, a decisão da parceira da Microsoft com a Netflix poderá ter sido estratégia. É que, ao contrário da Google, que tem o YouTube, e da Comcast, dona do serviço de streaming de vídeo Peacock, a Microsoft não tem um serviço de streaming que seja concorrente ao da Netflix.

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A gigante tecnológica está também a trabalhar para colocar publicidade nos jogos free-to-play da Xbox, lembra o The Verge. Ainda assim, os desenvolvimentos recentes da Microsoft no mundo dos videojogos podem ajudar a Netflix a avançar também nas suas ambições de entrar nesse universo.

O plano de subscrição com publicidade ainda está nos primórdios e há ainda “muito a trabalhar”, mas o objetivo “a longo prazo é claro”: a Netflix quer oferecer mais “opções para os consumidores”, disse Greg Peters, chief operating officer (COO) da plataforma, citado no comunicado.

Os moldes da parceria ainda não são conhecidos, nem se sabe quando é que a nova modalidade ficará disponível — embora a CNBC tenha apontado para o final deste ano. A empresa também não revelou quando é que está a planear cobrar aos assinantes pelo novo serviço apoiado por publicidade.

O anúncio da união entre Microsoft e Netflix veio dias antes do serviço de streaming publicar, na próxima terça-feira, os resultados trimestrais. A empresa já terá comunicado aos acionistas que poderá ter perdido até dois milhões de subscritores nos últimos três meses, segundo a CNBC. No primeiro trimestre de 2022, o número de assinantes também já tinha caído e a Netflix trabalha agora para conseguir recuperar e atrair mais pessoas para o serviço de streaming.

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