O programa da evocação do centenário da morte do antigo deputado do século XIX António Cândido vai ser apresentado na terça-feira no parlamento, e contará na abertura, em outubro, com a presença do presidente da Assembleia da República.

De acordo com o comissário da evocação, o ex-deputado do PSD Luís Leite Ramos, esta será promovida pela Assembleia da República, a Procuradoria-Geral da República, a Academia das Ciências de Lisboa, a Universidade de Coimbra, a Câmara de Amarante e o Centro de Estudos Amarantinos.

No texto de apresentação da evocação, assinado pelo comissário de Luís Leite Ramos, aponta-se como objetivo recordar, com um conjunto de iniciativas entre outubro deste ano e outubro de 2023, a data da morte de António Cândido, mas também “divulgar e estudar a obra de um intelectual e de um político notável da segunda metade do século XIX e a quem a historiografia nacional parece não ter dado a relevância merecida”.

António Cândido Ribeiro da Costa nasceu em Fridão, no concelho de Amarante (distrito do Porto), a 29 de março de 1850 e faleceu em Candemil, no mesmo concelho, a 24 de outubro de 1922.

Pelos seus dotes de orador, nomeadamente parlamentares, ficou conhecido pelo cognome “Águia do Marão”, que lhe terá sido atribuído por Camilo Castelo Branco, segundo o texto da evocação.

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Cursou Teologia em Braga e foi ordenado presbítero, em 1871, tendo-se licenciado pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra em 1877, onde prestou provas de doutoramento no ano seguinte.

António Cândido foi deputado, par do Reino, ministro do Reino, conselheiro do Estado e procurador-geral da Coroa e Fazenda (1896-1910).

Foi membro do Instituto de Coimbra, vice-presidente da Academia Real das Ciências, e recebeu, como distinções honoríficas, a grã-cruz da Ordem de São Tiago do Merecimento Científico, Literário e Artístico e as insígnias da Ordem de Carlos III de Espanha.

António Cândido foi uma personalidade multifacetada que marcou indelevelmente a vida pública e intelectual portuguesa de 1880 a 1910. A primeira imagem, e a mais forte, que ressalta da sua biografia é a do orador brilhante (…) Mas foi no parlamento, onde entrou pela primeira vez em 1880, que os seus dotes de orador granjearam a admiração unânime dos seus contemporâneos, que viam nele um discípulo de Demóstenes e de Cícero e um tribuno à altura do grande José Estêvão”, destaca o comissário da evocação.

A evocação recordará igualmente a obra académica e científica de António Cândido, o percurso no Partido Progressista ou o envolvimento intelectual em grupos literários que integravam personalidades como Eça de Queirós, Guerra Junqueiro, Ramalho Ortigão ou Oliveira Martins.

“Depois da implantação da República, em 1910, António Cândido afastou-se das lides políticas e públicas (…) e retirou-se para a sua terra, Candemil”, recorda o comissário.

A sessão inaugural da evocação está marcada para 24 de outubro, em Candemil e Amarante, e contará com a presença do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, e terá como orador convidado da sessão solene o antigo ministro e deputado Guilherme Oliveira Martins.

O encerramento da evocação está previsto para os mesmos locais, um ano depois, e deverá contar com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Entre outras iniciativas, o programa de evocação ao longo de doze meses incluirá um ciclo de conferências, a reedição de algumas das principais obras de António Cândido, uma exposição itinerante, um programa de divulgação nas escolas e uma bolsa de investigação destinada a trabalhos académicos originais (teses de mestrado e/ou doutoramento) de Ciência Política, História Política ou Sociologia Política sobre os sistemas eleitorais e de representação política.