A Netflix perdeu 970.000 subscritores no segundo trimestre de 2022, período em que obteve um lucro líquido de 1.441 milhões de dólares (cerca de 1.400 milhões de euros), revelou na terça-feira aquele serviço de streaming.
Os dados divulgados no relatório de contas da empresa são melhores que as previsões de março, que antecipavam a perda de até dois milhões de assinantes após perder, pela primeira vez em mais de uma década, 200.000 contas em todo o mundo desde o início do ano.
Durante os três meses, em que as suas ações caíram e demitiu mais de 300 trabalhadores, a Netflix conseguiu conter, ainda assim, a quebra de subscritores aumentada pelo surgimento de concorrentes como a Disney e a Apple no streaming.
O desastre foi tal que os seus resultados eram aguardados com ansiedade na indústria do entretenimento, mas após a publicação do relatório as suas ações subiram mais de 10% na bolsa de Nova Iorque.
Além disso, a empresa sediada em Los Gatos (Califórnia) elevou o otimismo ao prever que para o próximo trimestre vai recuperar os utilizadores perdidos.
“O nosso desafio e oportunidade é acelerar a nossa receita adicionar novos clientes, continuando a melhorar o nosso produto, conteúdo e marketing, como temos feito nos últimos 25 anos”, disse numa carta aos investidores.
No entanto, os dados refletem uma estagnação no modelo de negócios.
Embora as suas previsões digam que irá recuperar o milhão de utilizadores perdidos graças ao crescimento dos próximos semestres, estes estão longe dos quatro milhões que somou no mesmo período de 2021, admitiu.
Se a previsão for verdadeira, a Netflix enfrentaria o final do ano com exatamente o mesmo número de contas ativas do início de 2022.
Por outro lado, o seu volume de negócios total aumentou 8,6%, valor afetado pelas novas taxas de juro e pela variação do valor dólar, uma vez que, ignorando esta situação, a empresa coloca o aumento em 13%.
Os fundadores da empresa, Reed Hastings e Ted Sarandos, que lamentaram “não ver a sua desaceleração mais cedo”, agora prometem “ajustar a sua estrutura de custos” para se adequar à sua “taxa de crescimento atual”.
Além de demitir mais 300 funcionários, a empresa já assinou contrato com a Microsoft para introduzir publicidade no seu serviço, algo que vai começar a acontecer no início de 2023.
Netflix alia-se à Microsoft para criar plano de subscrição com publicidade
Em relação à outra medida, para cobrar um extra para partilhar uma conta entre diferentes famílias, a Netflix não avançou os seus planos além do programa piloto no Chile, Costa Rica e Peru.
Por territórios, a região da Ásia e Pacífico é a que mais encanta o gigante do streaming, que já iguala a América Latina em volume de negócios, ao agregar mais de milhão de clientes.
No entanto, os seus dois grandes mercados, Europa e América do Norte, concentram as perdas de subscritores, especialmente nos Estados Unidos e Canadá.
Apesar da estagnação, a Netflix endireitou a sua liderança no setor e gabou-se da sua capacidade de influenciar a cultura popular global com séries como “Stranger Things”, que chefiou as menções nas redes social.
Com 220 milhões de clientes, a Netflix é a plataforma de streaming líder, embora seja difícil comparar.
A Amazon, por exemplo, reconhece apenas que 200 milhões de clientes reproduzem vídeos na sua plataforma de comércio eletrónico. E a Disney soma 205 milhões de assinantes entre as suas diferentes plataformas: Disney +, Hulu, Star e ESPN+. Já Apple reúne mais de 40 de utilizadores na Apple TV+.