Um grupo de 20 partidos da oposição e associações da sociedade civil formaram esta sexta-feira uma coligação na República Centro-Africana (RCA) para impedir que o Presidente, Faustin-Archange Touadéra, altere a Constituição e concorra a um terceiro mandato.
Um grupo de partidos políticos e associações civis da oposição formou esta sexta-feira uma coligação em Bangui para impedir que o Presidente Touadéra altere a Constituição e procure um terceiro mandato, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
Criámos um bloco republicano para defender a Constituição”, disse o advogado Crépin Mboli, que lançou a coligação BDRC e lidera o partido político de oposição Patrie.
Em declarações citadas pela AFP, explicou que o manifesto converge no objetivo dos 20 partidos e organizações civis que o subscreveram: “Defender a Constituição de 30 de março de 2016 e derrotar o perigo de uma presidência autoritária para toda a vida”.
Touadéra foi reeleito no final de dezembro de 2020, com 53,16% dos votos numa eleição controversa, com menos de um terço dos eleitores a conseguir ir às urnas devido à insegurança que grassa no país desde a guerra civil de 2013.
Na altura da eleição, vários grupos armados que controlavam dois terços do país tinham lançado uma ofensiva para derrubar o Presidente, mas o chefe de Estado apelou a Moscovo, que enviou centenas de paramilitares russos que foram mobilizados para a República Centro-Africana, juntando-se às centenas de outros que já estão no país desde 2018 para combater os rebeldes.
A RCA caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por grupos armados juntos na Séléka, o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.
Desde então, o território centro-africano tem sido palco de confrontos comunitários entre estes grupos, que obrigaram quase um quarto dos 4,7 milhões de habitantes da RCA a abandonarem as suas casas.
Atualmente, de acordo com dados disponibilizados pelo Estado-Maior-General das Forças Armadas portuguesas na sua página oficial, estão empenhados na RCA 193 militares portugueses no âmbito da missão da ONU naquele país (Minusca) e 45 meios.
Também na RCA, mas no âmbito da missão de treino da União Europeia (EUTM-RCA), estão atualmente empenhados 21 militares.
A Minusca tem como objetivos “apoiar a comunidade internacional na reforma do setor de segurança do Estado, contribuindo para a segurança e estabilização” da República Centro-Africana, informa ainda o EMGFA.