As finais dos 100 metros são sempre um dos pontos altos de qualquer grande competição de atletismo, nos Jogos Olímpicos ou Mundiais. Em Eugene, que coroou Fred Kerley pela primeira vez como campeão e Shelly-Ann Fraser-Pryce mais uma vez como campeã, não foi exceção. Todavia, e por razões conjunturais, os 200 metros têm ganho um novo espaço como principal referência nas provas de velocidade e esse era o grande motivo de interesse no sétimo dia dos Campeonatos do Mundo. Era e também fez por ser.

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No setor feminino, os norte-americanos ainda tinham uma pequena esperança de surpresa com Abby Steiner e Tamara Clark (à exceção de algumas provas como o lançamento do disco, onde Valarie Allman ficou em terceiro, tudo o que podia correr bem correu ainda melhor para os atletas da casa) mas tudo iria estar circunscrito ao duelo entre as três jamaicanas e a britânica Dina Asher-Smith, campeã em título.

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Tudo ficou afinal resumido a uma jamaicana e a um só nome, Shericka Jackson. A atleta de 28 anos, com um currículo bem mais modesto do que Shelly-Ann Fraser-Pryce e Elaine Thompson, quis fazer mais do que simplesmente ganhar o ouro naquela que foi quase uma “vingança” pelo erro que cometeu nos Jogos de Tóquio na distância, com uma distração que fez com que perdesse a qualificação para a final por abrandar demasiado cedo: fez o tempo de 21,45, a segunda melhor marca de sempre apenas atrás do recorde de Florence Griffith-Joyner (21,34 feitos ainda no Estádio Olímpico de Seul nos Jogos de 1988, naquele que é um dos recordes mais duradouros), e fulminou a concorrência de Fraser-Pryce (21,81) e Asher-Smith (22,02). Isto numa carreira onde começou nos 400 metros mas arriscou hectómetro e duplo hectómetro.

No setor masculino, e à semelhança do que aconteceu nos 100 metros, os norte-americanos acreditavam que seria possível voltar a ter um pódio com três atletas da casa tendo Noah Lyles, Erriyon Knighton e Kenneth Bednarek na final (Fred Kerley caiu nas meias-finais) mas havia sempre as ténues ameaças do canadiano Aaron Brown, do liberiano Joseph Fahnbulleh ou do tobaguenho Jerrem Richards.

Também aqui, foi uma corrida de um homem só. Os EUA conseguiram mais um pódio 1-2-3 tal como já tinha acontecido no hectómetro mas foi Noah Lyles que roubou todo o protagonismo com um arranque arrasador que o colocou na curva com uma vantagem tal que tinha apenas de correr pela melhor marca nos derradeiros 100 metros. No final, e perante a quebra do jovem Knighton que surgia com o registo mais rápido do ano mas não foi além de 19,80 atrás de Bednarek (19,77), Lyles acelerou e conseguiu tornar-se o terceiro atleta mais rápido de sempre na distância com 19,31, superando recorde nacional que pertencia a Michael Johnson e ficando apenas trás de Usain Bolt (19,19) e de Yohan Blake (19,26).