Não havia Pedro Pablo Pichardo, não havia Patrícia Mamona, não havia Auriol Dongmo. Apesar da comitiva com 17 atletas de Portugal nos Mundiais em Pista Coberta de Glasgow, aqueles três crónicos candidatos a medalhas nos últimos anos estavam todos de fora. Com isso, as expetativas eram mais baixas mas o potencial para surpresas também se multiplicava. Tiago Pereira, que andava há muito à procura de uma medalha em provas internacionais, superou-se na final do triplo salto, bateu o recorde pessoal na última tentativa e teve o bronze que merecia. João Coelho, que bateu o recorde nacional dos 400 metros por três vezes em menos de 36 horas, ainda andou perto do pódio mas acabou em quarto. Agora, a fechar, seguia-se Isaac Nader.

Numa final bem mais rápida do que a série que o atleta português ganhou para carimbar a passagem à corrida decisiva, Isaac Nader cumpriu tudo o que tinha de fazer para chegar a uma medalha: nunca desceu muito em relação ao pelotão da frente, não quebrou quando os africanos começaram a ficar para trás por não aguentarem o ritmo forte das voltas iniciais e entrou nos 200 metros finais em posição de pódio. Contudo, houve uma surpresa que “abafou” essa potencial surpresa do corredor do Benfica: o neozelandês Geordie Beamish acelerou por fora, foi ganhando metros atrás de metros e conseguiu mesmo ganhar a final dos 1.500 metros, deixando dessa forma Isaac Nader de fora do pódio de forma inglória no quarto lugar.

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O português, sobrinho do antigo goleador Hassan que passou pelo Farense e pelo Benfica, terminou a corrida com o tempo de 3.36,97, atrás não só de Beamish (3.36,54) mas também dos norte-americanos Cole Hocker (3.36,69) e Hobbs Kessler (3.36,72). De recordar que, no final de janeiro, Isaac Nader conseguira quebrar o recorde nacional dos 1.500 metros em Pista Coberta no meeting de Ostrava, na Rep. Checa, fazendo 3.34,23 que bateram os 3.34,99 feitos por Rui Silva no Japão em 1999… quando o atleta não era nascido.

“Embora seja uma boa presença na final, um quarto lugar, acabo por sentir alguma desilusão, pois não foi de todo o que esperava fazer. Pois sei o que trabalhámos e o que acreditávamos poder conseguir. Foram muitos atletas na final e isso obrigou-nos a muito desgaste. Tudo isso levou a que não estivesse mesmo no final com a reação para chegar à medalha”, comentou Isaac Nader ao site da Federação de Atletismo.