A Associação Portuguesa de Capital de Risco (APCRI) elogiou o Banco Português de Fomento (BPF) por seguir as “boas práticas” internacionais no programa Consolidar, do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), disse à Lusa o dirigente Martim Avillez Figueiredo.
“Neste programa Consolidar, que é o primeiro feito seguindo as boas práticas internacionais do que se passa em todos os países do mundo ocidental, na minha opinião e na opinião da APCRI, o Banco de Fomento fez tudo como se faz nesses países”, disse à Lusa Martim Avillez Figueiredo, da direção da associação.
O responsável falava acerca do programa Consolidar, do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que tem 250 milhões de euros destinados à consolidação de Pequenas e Médias Empresas (PME) afetadas pela pandemia da Covid-19 e à sua expansão para novas áreas de negócio.
A APCRI assegurou esta semana ao Banco de Fomento que a indústria nacional de capital de risco tem prontos para investir os milhões de capital privado que são necessários para executar integralmente o programa Consolidar.
De acordo com a APCRI, os seus associados “mobilizaram, através de 33 candidaturas, capital que é superior aos 30% necessários para a contrapartida privada“.
Para Martim Avillez Figueiredo, a instituição bancária liderada por Beatriz Freitas “chamou toda a indústria e ouviu, percebeu exatamente quais são as necessidades, quais são os critérios do capital de risco e o sucesso que isso demonstra e usa os seus instrumentos com capital privado, e tentou entender bem a realidade”.
Segundo o responsável da direção presidida por Luís Santos Carvalho, o programa atende também às “especificidades da economia portuguesa” saída da pandemia de Covid-19, e às suas consequências nas empresas.
Assim, o Consolidar, segundo o responsável da APCRI, visa as empresas “sem setores definidos”, mas sim com “critérios definidos”: “empresas que tenham sido impactadas pela Covid mas que tenham viabilidade económica”.
Martim Avillez Figueiredo não adiantou nomes de empresas, até porque os investimentos ainda não estão fechados, mas lembrou que os fundos de capital de risco, em Portugal, “investem na indústria”, na “indústria tecnológica“, na “indústria de manufatura” e no “turismo“.
“Só com fundos de capital de risco, com fundos de investimento privados, interessados em investir, é que o dinheiro público vem. E a escolha desses investimentos é das sociedades gestoras“, referiu, explicando que o Consolidar está desenhado para que só haja “dinheiro público havendo dinheiro privado”.
Já acerca de um próximo concurso destinado ao setor também anunciado pelo banco, segundo a APCRI, já se destina a empresas que “agora não são o alvo do programa Consolidar“, mas sim “todas aquelas que não são PME impactadas pelo covid, mas economicamente viáveis”, como “‘startups’, as empresas em início de vida”.
“Aqui, mais uma vez, o Banco de Fomento ouviu a indústria, e percebeu bem quais são os critérios que a indústria prioriza, os seus investimentos em ‘venture capital’ [capital de risco para startups], e quais são as variáveis que considera mais importantes na seleção, no acompanhamento, e se quisermos nos tais gatilhos de intervenção nessas empresas”, detalhou.
Questionado sobre um eventual revés, o dirigente da APCRI descartou mudanças de rumo, afirmando que “a indústria de capital de risco em Portugal é hoje uma indústria mais madura, depois daqueles tempos do passado em que havia muito poucos fundos”.