A Apple e a Amazon apresentaram contas trimestrais na noite desta quinta-feira, já após o fecho da sessão em Wall Street. As pressões trazidas pela inflação estão a ser visíveis no negócio das duas empresas, mas são mais expressivas no desempenho da gigante de comércio eletrónico do que na dona do iPhone.

No segundo trimestre do ano, terminado em junho, a Amazon divulgou ao mercado uma passagem de lucros a prejuízo, reportando um resultado líquido negativo de dois mil milhões de dólares. Este valor compara com os lucros de 7,8 mil milhões de dólares de há um ano. Mais uma vez, o resultado líquido da empresa voltou a ser influenciado pelo investimento da companhia na fabricante de automóveis elétricos Rivian. Em apenas três meses, este investimento pesou 3,9 mil milhões de dólares nas contas da empresa liderada por Andy Jassy.

Este foi o segundo trimestre consecutivo de prejuízo para a empresa, que está a ser fustigada pela inflação e pelo aumento de custos com as entregas. Nos primeiros três meses do ano, a Amazon teve prejuízos de 3,8 mil milhões de dólares – a primeira vez em que apresentou contas negativas.

As vendas no segundo trimestre aumentaram 7% em termos homólogos, para 121,2 mil milhões de dólares, face aos 113,1 mil milhões de há um ano. A empresa refere que, excluindo os 3,6 mil milhões de dólares de “impacto desfavorável pelas mudanças homólogas nas taxas de câmbio no trimestre, as vendas aumentaram 10% comparando com o segundo trimestre de 2021”. Ainda nas vendas, a empresa indica que o Prime Day, o evento anual de vendas, realizado entre 12 e 13 de julho, resultou em compras de “mais de 300 milhões de artigos”.

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As despesas operacionais da Amazon no trimestre subiram 11,9%, superando os 117,9 mil milhões de dólares entre abril e junho. Perante este resultado negativo no segundo trimestre, a companhia fechou a primeira metade do ano com um prejuízo de 5,9 mil milhões de dólares até junho.

“Apesar das contínuas pressões inflacionárias de combustível, energia e custos de transportes, estamos a fazer progressos nos custos mais controláveis que mencionámos no trimestre passado, particularmente na melhoria da produtividade dos nossos centros de distribuição”, comenta Andy Jassy, CEO da Amazon, na informação divulgada ao mercado.

No relatório da Amazon há ainda espaço para fazer um ponto de situação sobre a colaboração da empresa com a Ucrânia. Através da unidade de computação cloud AWS, a empresa diz que tem “estado a ajudar a Ucrânia a aumentar as suas defesas de cibersegurança”, tendo já ajudado a migrar 10 milhões de gigabytes de dados essenciais de 27 ministérios e 18 universidades ucranianos para a infraestrutura cloud da empresa.

Apesar do prejuízo, a subida das vendas da gigante de comércio eletrónico e o “guidance” partilhado agradaram ao mercado, levando as ações a subir no “after-hours”. Esta sexta-feira, estão já a valorizar 12% antes da abertura do mercado. A empresa partilhou que espera ter uma subida de vendas entre 13 a 17% no terceiro trimestre, esperando atingir valores de até 130 mil milhões. O “guidance” aponta também para o regresso ao lucro operacional, com um intervalo entre zero e 3,5 mil milhões de dólares.

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Apple com subida ligeira das receitas e recuo de 11% do lucro

A dona do iPhone conseguiu superar à justa as estimativas dos analistas para o terceiro trimestre do ano fiscal, terminado em junho deste ano. Embora tenha registado um resultado líquido positivo, o trimestre fica marcado por um aumento muito ligeiro das vendas, que revelaram já um abrandamento em várias linhas de produtos – à exceção do iPhone.

A Apple teve lucros de 19,4 mil milhões de dólares, um montante que está 10,6% abaixo dos 21,7 mil milhões do mesmo período do ano passado. Ainda assim, a tecnológica fechou o primeiro semestre com uma subida de lucros de cerca de 7% para 79,1 mil milhões de dólares.

As vendas da empresa ascenderam a 82,959 mil milhões de dólares, valor que compara com os 81,4 mil milhões de há um ano – uma subida de 1,87%. As vendas do iPhone continuam a ser a joia da coroa, valendo quase metade das vendas totais. Entre abril e junho este segmento registou uma subida ligeira, de 2,77%, para 40,7 mil milhões de dólares.

A situação é diferente nas restantes categorias de equipamentos, onde as vendas trimestrais ficaram aquém dos resultados do ano passado: as vendas dos Macs caíram de 8,2 mil milhões para 7,4 mil milhões, enquanto as vendas do iPad tombaram quase 2% para 7,2 mil milhões. O segmento de wearables, home e acessórios recuou quase 8% para 8,1 mil milhões. O segmento de serviços escapou a este cenário e subiu 12% para 19,6 mil milhões.

“Os nossos resultados trimestrais de junho continuaram a demonstrar a nossa habilidade para gerir o negócio de forma eficaz apesar do contexto operacional desafiante”, diz Luca Maestri, diretor financeiro da Apple, em comunicado.

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