O Novo Banco apresentou resultados de 266,7 milhões de euros no primeiro semestre, um crescimento para quase o dobro (93,7%) face ao mesmo período do ano passado. O banco de cuja liderança António Ramalho se despede tem resultados positivos desde o primeiro trimestre de 2021, ainda que estejam pendentes vários pedidos de injeção ao Fundo de Resolução. Num comunicado divulgado esta segunda-feira, o ainda presidente executivo do banco salienta:

“Os resultados confirmam o momentum do Novo Banco e o modelo de negócio acretivo (crescimento por acumulação, combinado com medidas específicas de geração de capital. O Novo Banco demonstra criação de valor para todos os seus stakeholders com o progresso efetuado nos últimos anos refletido no upgrade de 2 níveis pela Moodys. O banco está bem posicionado para continuar a crescer e competir no mercado português”.

Ramalho foi presidente executivo do Novo Banco por seis anos, tendo sido nomeado quando o banco ainda estava sob a alçada do Banco de Portugal em 2016. O gestor manteve-se com o acionista privado Lone Star que lhe renovou o mandato por duas vezes. António Ramalho deu a cara por várias polémicas relacionadas sobretudo com os pedidos de capitalização ao Fundo de Resolução, na sequência das perdas em ativos protegidos. Perdas essas que foram atribuídas a opções de gestão que aceleraram a limpeza do balanço, com recurso a fundos públicos. António Ramalho anunciou a decisão de deixar o cargo no início deste ano e será substituído pelo atual administrador financeiro, Mark Bourke.

Novo Banco já escolheu nome para substituto de António Ramalho. Mark Bourke assumirá essas funções

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Na sequência dos lucros do segundo trimestre, o Novo Banco elevou o rácio de capital (CET 1) de 10,8% em março para 11,8%, mas ainda está abaixo dos 12% fixados no contrato de venda à Lone Star que terá de alcançar no final do ano.

Para além dos montantes que estão ainda em arbitragem relativos à chamada de capital feita em 2021 e relativa aos resultados de 2020 — no valor de 165 milhões de euros — o Novo Banco pediu este ano 209,2 milhões de euros, ao abrigo do mecanismo de capital contingente, pedido que não teve resposta.

Em relação aos montantes reclamados em 2021, o banco sublinha que os valor “são devidos ao abrigo do mecanismo de capital contingente, estando a despoletar os mecanismos legais e contratuais à sua disposição no sentido de assegurar o recebimento das mesmas”. Estão ainda em aberto, também em arbitragem, divergências sobre a opção do banco em mudar as regras contabilísticas, uma opção que acabou por elevar os pedidos financeiros ao Fundo.

A instituição atribui os resultados positivos a um “sólido desempenho de negócio, com incremento da rentabilidade apesar do atual contexto macroeconómico caracterizado por pressões inflacionistas e consequente volatilidade das taxas de juro”.

Para este resultado contribuíram também o resultados de exploração de 73,2 milhões de euros que incorporam o efeito do processo de desalavancagem do portefóleo imobiliário que passou pela venda de ativos na área logística. Este efeito permitiu elevar o produto bancário em 16,9%. Sem esse impacto, o produto bancário comercial cai 2,9% face ao primeiro semestre do ano passado.

Já os custos operacionais cresceram 4,6 milhões de euros, apesar de a diminuição dos custos com pessoal com a saída de colaboradores — de 4,9% — que “não foi suficiente para compensar o aumento nos gastos gerais e administrativos e nas amortizações devido ao continuado investimento na transformação, otimização e simplificação da organização e dos seus processos”.

A crescer continuam as comissões e serviços com um saldo de 6,5% face ao registado em junho de 2021 para 144,4 milhões de euros. Já a margem financeira contraiu 7,3% para 268 milhões de euros, traduzindo o efeito da emissão de dívida sénior em 2021 e das taxas de juro negativas em aplicações no mercado monetário.

O grupo reforçou as imparidades e provisões em 19,8 milhões de euros, não obstante o valor total desta rubrica recuou 78% face a junho de 2021. O rácio de créditos não produtivos (NPL) baixou para 5,4%, face aos 7,3% registados há um ano e aos 5,7% apurados no final de 2021. O rácio de cobertura de 73% está em “linha com a estratégia de de-risking e aproximando-se do rácio médio dos parceiros europeus”.