O Novo Banco já escolheu o nome que vai substituir António Ramalho. Está já na administração mas subirá a presidente executivo. A nova gestão do banco está ainda sujeita a aprovação por parte do Banco de Portugal e do Banco Central Europeu.

Mark Bourke que é o administrador financeiro subirá a presidente executivo. A função financeira será assumida por Leigh Bartlett que, desde 2020, é CEO do Masthaven Bank.

Segundo comunicado do Novo Banco, a comissão executiva será ainda composta por Luís Ribeiro, Andrés Baltar, Luísa Soares da Silva, Carlos Brandão e Rui Fontes.

Esta será a gestão executiva para o mandato 2022-2025. António Ramalho anunciou que pretende sair da presidência até agosto.

As polémicas de Ramalho em seis (conturbados) anos à frente do Novo Banco

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Novo pelouro de crédito. Fica com Rui Fontes

Não é apenas o nome do CEO que muda. A nova comissão executiva terá mais um elemento, passando de seis para sete membros, com a criação do cargo de chief credit officer (CCO), que ficará com Rui Fontes, que já estava no banco como administrador com o pelouro do risco. Rui Fontes foi diretor de risco do BES e subiu à administração do Novo Banco com Ramalho, o que, aliás, motivou algumas críticas. Rui Fontes será, agora, “responsável pelas matérias relacionadas com o crédito (nomeadamente grandes empresas e PME), incluindo a recuperação. Esta nova função de crédito será responsável pelo cumprimento das novas regulamentações e normas de crédito estabelecidas pelo BCE/EBA”. Os departamentos de recuperação de Crédito Empresas, Recuperação de Crédito Retalho e Crédito, que “reportam atualmente ao CEO, serão transferidas para o CCO”, acrescenta o Novo Banco em comunicado. Rui Fontes fica também com o pelouro de monitorização do negócio, “assegurando que as competências de restruturação ficam concentradas sob a responsabilidade de apenas um membro” da comissão executiva.

Rui Fontes, ouvido na comissão de inquérito ao BES, assumiu, então, que houve empresas que alegaram perdas em veículos do Grupo Espírito Santo para não pagarem créditos e assumiu, no Parlamento, que no tempo do BES os créditos eram concedidos sem o parecer do departamento de risco.

Numa outra audição parlamentar, referente à comissão de inquérito às perdas do Novo Banco, Rui Fontes reconheceu que havia uma “relação próxima” entre Luís Filipe Vieira, o dono do grupo Promovalor, e os dirigentes do banco na altura em que foram concedidos créditos à empresa Imosteps, cuja dívida ao Novo Banco ficou por pagar, mas disse não ter a perceção de que estava em causa uma gestão contra os interesses do banco.  Foi aliás sobre a participação de Rui Fontes na comissão de inquérito que Ramalho foi apanhado numa escuta, noticiada pela comunicação social, a dizer que o diretor de risco estava “muito bem preparado,  vai ser monocórdico e chato, porque os gajos não vão perceber nada do que ele vai dizer”. Ramalho reiterou à CNN Portugal que “a verdade é que ele (Fontes) é monocórdico e chato”, acrescentando que acreditava “que algumas das suas intervenções muito específicas sobre políticas de imparidades são difíceis de compreender”.

Risco passa para Carlos Brandão

Como Rui Fontes passa a ter novas funções, o seu antigo pelouro será assumido por Carlos Brandão que foi o porta-voz do banco junto da comissão de inquérito ao Novo Banco. Carlos Brandão era diretor de risco, devendo agora assumir a função de chief risk officer. Enquanto diretor de risco reporta a Rui Fontes.

Antes de integrar a equipa do Novo Banco, Carlos Brandão foi diretor de risco no Banco Santander Totta, e mais tarde teve a mesma função no Barclays Bank em Portugal, acabando por ser seu CEO.

Manter-se-á com o pelouro jurídico e de compliance  Luísa Soares da Silva, que foi nomeada pela primeira vez para a gestão do banco em abril de 2017, depois de servir durante mais de 25 anos a Sociedade de Advogados Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados.

Também se mantém Andrés Baltar com o pelouro da rede comercial ligada aos clientes empresariais, papel que assumiu em dezembro de 2020. Antes do Novo Banco também foi um dos gestores que passou pelo Barclays.

E mantém-se à frente da rede comercial de retalho Luís Ribeiro, onde está desde setembro de 2018. É também dos que está no banco desde que este ainda era BES.

Mudança de administrador financeiro

Com a subida de Mark Bourke a CEO, o Novo Banco recrutou um novo elemento para o pelouro financeiro. Este passará a ser assumido por Leigh Bartlett, que desde 2020 é CEO do Masthaven Bank, depois de desempenhar funções como CFO do banco entre 2019 e 2020. Antes foi também o financeiro do RBS UK Retail e do RBS Insurance entre 2008 e 2011, do Westpac Banking Corporation entre 2011 e 2015 e da Williams & Glyn (RBS Group) entre 2015 e 2017, e  do FNZ Group depois de 2017.

“Depois de um processo de pesquisa robusto, o CGS concluiu que Leigh Bartlett é o candidato que melhor preenche os critérios exigidos e salienta o facto de o Novo Banco ter conseguido atrair e contratar um CFO de elevado renome, com o seu conhecimento, perícia e experiência de mais de 15 anos na indústria de serviços financeiros, demonstrando o progresso significativo que o novobanco tem efetuado nos últimos anos”, destaca o banco em comunicado.

O nome de Bourke para assumir a liderança do banco já tinha sido avançado pelo Jornal Económico.

Mark Bourke já estava no banco desde 2019, quando assumiu o pelouro. Irlandês, chega, aos 55 anos, à liderança do Novo Banco. Para o Conselho Geral e de Supervisão Bourke “é o candidato ideal com mais de 20 anos de experiência como administrador executivo (em funções de CEO e de CFO) em instituições financeiras reguladas; experiência e conhecimento significativo do mercado e sistema bancário português, adquiridos como CFO nos últimos três anos do novobanco; e competências e experiência necessárias para liderar o Novo Banco nesta próxima fase de desenvolvimento”.

Antes de integrar o Novo Banco, Mark Bourke foi administrador financeiro do Allied Irish Banks (AIB) e membro da equipa de liderança do AIB, de 2014 a 2019. Começou a carreira na PwC em 1989 e em 2000 juntou-se ao IFS Group como administrador financeiro, sendo promovido a CEO do grupo em 2006.

Para o conselho geral, “a nomeação de um candidato interno assegura continuidade e estabilidade, bem como o alinhamento com o plano estratégico de médio prazo recentemente aprovado”.

A próxima fase do Novo Banco pode, ainda assim, passar pela venda do banco por parte do acionista principal a Lone Star.

Ramalho não se vai envolver com a venda do Novo Banco. Em que ponto deixa o banco?