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O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia estar a utilizar a central nuclear de Zaporíjia como meio de “chantagem”, afirmando que o território continua a ser palco de bombardeamentos. Mais: “as tropas russas escondem munições e equipamentos nas instalações da central nuclear. A central está minada, de facto”, denunciou o chefe de Estado da Ucrânia.
Sobre os apelos internacionais para a Rússia libertar Zaporíjia e garantir a segurança da central nuclear, Zelensky disse:
Se um Estado terrorista se permite ignorar completamente as demandas da comunidade internacional, especialmente num tema tão sensível, isso indica claramente a necessidade de ação imediata”.
“Qualquer incidente de radiação na central nuclear de Zaporíjia pode afetar os países da União Europeia, Turquia, Geórgia e países de regiões mais distantes”, avisou o chefe de Estado.
“Tudo depende unicamente da direção e velocidade do vento. Se as ações da Rússia causarem uma catástrofe, as consequências também podem atingir aqueles que permaneceram em silêncio até agora”.
A mensagem de Zelensky surge no mesmo dia em que o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, conversou ao telefone esta segunda-feira com Sergei Shoigu, ministro da Defesa russo, sobre as condições para garantir a segurança na central nuclear de Zaporíjia e para exportar alimentos e fertilizantes a partir da Rússia, avançou a Reuters.
O contacto entre os dois líderes acontece no mesmo dia em que a ONU garantiu ter capacidade logística e de segurança para apoiar a visita de uma delegação da Agência Internacional da Energia Atómica (IAEA) à central nuclear de Zaporíjia.
No entanto, as Nações Unidas só o farão se tanto a Rússia como a Ucrânia estiverem de acordo, revelou o porta-voz da organização, Stephane Dujarric, citado pelo The Guardian. Ora, a Rússia já disse que está disposta “a fazer tudo o que for necessário” para permitir o acesso dos especialistas à central.
A posição foi assumida por uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia. “Em cooperação próxima com a Agência e os seus líderes, faremos o que for necessário para que os especialistas da IAEA possam ir à central fazer uma avaliação verdadeira das ações destrutivas levadas a cabo pelo lado ucraniano.”
Este comunicado de Maria Zahharova, porta-voz do ministério dirigido por Sergio Lavrov, surge horas depois de um conjunto de mais de 60 países (incluindo a União Europeia) ter exigido que as forças militares russas abandonassem as instalações da central nuclear e devolvessem o seu controlo às autoridades ucranianas.
Do lado da Ucrânia, o ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, também pediu uma missão internacional, com membros das Nações Unidas, à central nuclear para avaliar as ameaças à segurança da estrutura.
Mas há uma contrapartida: a agência reguladora das centrais nucleares na Europa só poderá visitar Zaporíjia se a região for desmilitarizada e os russos abrirem mão da infraestrutura — porque será a única maneira de estabelecer a segurança no local. Mas Konstantin Kosachev, vice-presidente da câmara alta do parlamento russo, o Conselho da Federação, já respondeu a Kiev: “Não, não e não”.