O final da semana será marcado por uma nova vaga de calor, que deverá começar a 20 de agosto, alertou Miguel Miranda, presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que esteve reunido com o Governo esta quarta-feira, 17 de agosto.

“Vamos passar por uma terceira onda de calor, provavelmente dentro de dias”, disse, aos jornalistas, à margem da reunião. “Em setembro vamos ter tempo, em regra, mais quente do que os setembros anteriores, entre 50% e 60% e mais seco entre 40% e 50%”, detalhou José Luís Carneiro, ministro da Administração Interna.

Será mais grave do que as anteriores? “Não se pode dizer isso. A onda de calor mais crítica foi a de julho”, esclareceu o ministro, ressalvando que estão a ser feitas previsões de duas semanas e que existe, portanto, um elemento de “fragilidade”. Contudo, aquilo que é possível verificar, continua, é que “o pior pico desta onda pode andar no que correspondeu aos momentos mais críticos da segunda onda de calor”, que foi menos intensa do que a primeira.

Não se espera chuva. “As previsões não são muito positivas do ponto de vista da precipitação. Provavelmente, vamos ter um setembro que é um pouco mais seco e um pouco mais quente, como têm sido os meses anteriores”, acrescentou Miguel Miranda destacando que a situação no resto da Europa também não apresenta um bom prognóstico. “A mudança climática é obviamente um fator determinante”, afirma o presidente do IPMA.

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Situação de alerta ou contingência em cima da mesa

Face às previsões meteorológicas, o ministro da Administração Interna não excluiu a hipótese de regresso à situação de alerta ou de contingência. “Não podemos excluir esse cenário”, disse José Luís Carneiro. “São cenários que temos de ter em cima da mesa para avaliação no quadro das decisões no âmbito da Autoridade nacional de Emergência e Proteção Civil”.

Até porque o perigo dos incêndios rurais ainda vai “a meio da campanha”, lembra o presidente do IPMA. “Todos os meios são finitos e todas as pessoas são finitas na sua capacidade de atuação. Ou nós temos perante estas situações uma capacidade de solidariedade entre organizações, entre pessoas, entre aldeias, vilas que permita sermos capazes de passar este período que se avizinha ou vamos ter situações de maior complexidade do que aquela que estamos a viver agora. Nos estamos a viver um momento muito complicado na historia climática da terra”.

José Luís Carneiro lembra que, apesar de todos os meios para combate aos fogos estarem “disponíveis em todos os teatros”, “o prolongamento das vagas de calor é um fator que, efetivamente, se torna de maior exigência para o conjunto dos meios disponíveis.”

O incêndio da Serra da Estrela, cujas chamas lavram aquele território há mais de dez dias, continua a não dar tréguas. É o fogo que mais meios mobiliza e que mais preocupa as autoridades, sendo, segundo a Proteção Civil, um dos dois ativos em Portugal continental no momento.