Surgiu de novo como rumor no final da última semana, esbarrava naquilo que tinha acontecido mais de um mês antes e no que iria passar-se 24 horas depois. Expliquemos: a possibilidade de Matheus Nunes ir para o Wolverhampton voltava a ser real mas já antes o médio tinha recusado a hipótese e, após o encontro com o Rio Ave, o próprio Rúben Amorim destacara a satisfação da mudança de paradigma em Alvalade com os jogadores que antes queriam sair agora a decidirem permanecer mesmo perante propostas melhores. No entanto, na passada segunda-feira, o volte-face aconteceu mesmo e o internacional deixou o Sporting.

Acordo fechado: Varandas aceita proposta do Wolverhampton e Matheus Nunes torna-se a segunda maior venda do Sporting

Além da proposta apresentada que confirmou os 45 milhões de euros fixos mais cinco de variáveis, os leões ficaram ainda com uma percentagem de uma futura mais-valia. Com isso, Matheus Nunes passa a ser a segunda maior transferência de sempre do Sporting, igualando (para já) Nuno Mendes no total entre taxa de empréstimo e cláusula de opção e sendo apenas superada por Bruno Fernandes para o Manchester United (começou em 55 milhões e entretanto rendeu mais oito milhões por objetivos).

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“A Sporting SAD chegou a acordo com o Wolverhampton para a transferência, a título definitivo, dos direitos desportivos do jogador Matheus Luiz Nunes, garantindo a Sociedade o direito a receber o montante correspondente a 10 % da mais-valia de futura transferência. A Sporting SAD receberá o montante fixo de €45.000.000, acrescido de um valor máximo variável de até €5.000.000, devido em função de objetivos relacionados com a participação do Wolverhampton na Liga dos Campeões e com a participação do jogador em jogos. Os encargos com os serviços de intermediação ascendem a €4.454.667,00, acrescidos de um valor máximo variável de até €494.963,00. O valor do Mecanismo de Solidariedade devido a clubes terceiros será suportado em partes iguais”, comunicou a sociedade leonina à CMVM.

Mas o que terá mudado para Matheus Nunes aceitar agora uma proposta seis vezes superior ao que recebia em Alvalade depois da última renovação de contrato (400 mil euros líquidos)? O médio recusou no início do mercado a possibilidade de se mudar para o Wolverhampton esta temporada, assim como fez o mesmo quando chegou a oferta de 30 milhões mais cinco de variáveis do West Ham, mas terá sido convencido com a possibilidade de ficar mais perto de um grande clube da Premier League estando já “pensada” uma nova mudança a curto prazo para uma equipa que possa lutar por títulos nacionais e europeus.

“O clube convenceu-me e conversei com alguns colegas de equipa porque jogo eles na Seleção. O treinador também, ele queria mesmo e eu queria jogar a Premier League. Penso que é o passo certo para mim e estou feliz por estar aqui. Já há muito queria vir para o Wolves. Sem dúvida que esta é a melhor liga do mundo e, como disse, é o melhor passo para mim. Estou pronto. Aconteceu tudo rapidamente”, acrescenta, revelando um elo curioso a Inglaterra. O meu padrasto nasceu em Sunderland, por isso aprendi inglês com ele desde que era pequeno, e também na escola”, comentou nas primeiras declarações aos meios oficiais do Wolverhampton, que bateu o recorde de transferências do clube que pertencia agora a Raúl Jiménez.

Promovido da equipa Sub-23 para a equipa A com a chegada de Rúben Amorim, depois de ter feito a sua formação entre o Ericeirense e o Estoril, Matheus Nunes realizou dez jogos ainda na época 2019/20 e mais 33 na temporada seguinte, quando o Sporting ganhou a Taça da Liga e quebrou o longo jejum de títulos no Campeonato (três golos e três assistências). Em 2021/22, o médio teve a época de consagração nos verde e brancos – ganhando mais dois troféus, a Supertaça e a Taça da Liga –, com quatro golos e cinco assistências em 50 jogos já sem João Mário na equipa. Em paralelo, chegou pela primeira vez à Seleção Nacional, tendo marcado também um golo. Esta temporada, o número 8 realizou ainda dois encontros e foi um dos melhores dos leões no empate em Braga e na vitória em Alvalade com o Rio Ave (um golo).

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Entretanto, esta terça-feira, quando Matheus Nunes já estava em Inglaterra para cumprir os habituais exames médicos antes da apresentação oficial, a cúpula do futebol verde e branco esteve reunida (como é habitual no início de cada semana de trabalho) para estudar os próximos passos depois da saída do médio que apanhou Rúben Amorim desprevenido – não por ser vendido, porque isso era algo que esteve sempre em cima da mesa, mas pela ida para o Wolves antes do importante jogo com o FC Porto no Dragão e 48 horas antes referir em conferência de imprensa que ficava satisfeito por ver os jogadores terem agora o desejo de ficar mesmo perante propostas financeiras que lhe podiam mudar as vidas.

No mesmo encontro, ficou decidido que a pasta do reforço para o meio-campo passará para as mãos de Hugo Viana e Rúben Amorim, depois de ter sido Frederico Varandas a negociar diretamente com Jorge Mendes a venda de Matheus Nunes, existindo uma lista de jogadores há muito referenciados na Primeira Liga (Al Musrati, do Sp. Braga, é um deles) e em ligas europeias. Ainda assim, continua a existir a possibilidade de contratação de mais um avançado para uma posição onde só existe agora Paulinho.

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