“Na Planning, também sabemos que os homens podem estar grávidos.” O cartaz da associação Planning Familial sobre os direitos das pessoas transgénero está a causar polémica em França. Vários políticos têm criticado aquilo que dizem ser uma “deriva ideológica”, ao passo que o governo francês já reagiu ao sucedido, saindo em defesa da campanha.

A ministra dos Direitos das Mulheres, Isabelle Rome, assinalou esta segunda-feira, citada pelo Le Monde, que “apoia totalmente a ação” da associação, que é subsidiada pelo Estado. A governante responsabilizou a extrema-direita por incitar ao “ódio” e de “instrumentalizar esta campanha”, destacando o papel da Planning Familial enquanto “associação histórica essencial para os direitos das mulheres, o acesso à contraceção e no direito ao aborto”.

A imagem mostra um homem transgénero grávido juntamente com um companheiro e foi duramente criticado por vários políticos de direita. O porta-voz da União Nacional (partido encabeçado por Marine Le Pen), Sébastien Chenu, escreveu na sua conta pessoal do Twitter que a campanha era “estúpida”, “perversa” e, em última instância, podia ser “perigosa”, denunciando uma “obsessão em desconstruir tudo”.

Também Fabien Di Fillipo, eleito pela Assembleia Nacional pelos Republicanos, acusou a associação de se deslocar do campo da ciência para se colocar no espetro da “militância ideológica”. “Tão longe da sua missão de informar e prevenir”, lamentou, apelando a que os “excessos terminem”.

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Face ao criticismo, a Planning Familial emitiu um comunicado a denunciar os “ataques extremamente violento nas redes sociais de personalidade da extrema-direita e dos seus apoiantes”. “Estes ataques têm o pretexto para nos tirar a subvenção e questionar a nossa legitimidade como associação de defesa dos direitos das mulheres e da luta pelo direito ao aborto”, denunciou a associação.

“Nada mais do que ódio”, lamentou a associação, que garantiu que o “vai combater sem falta”. Assim sendo, a Planning Familial vai recorrer à Justiça, anunciando que vai processar quem instiga ao “ódio”, incluindo deputados. “Nós, feministas, não aceitaremos ver a Planning Familial a ser alvo de uma campanha de difamação à custa das minorias. Nada pode justificar a violência dos comentários feitos contra a nossa organização.”

Prometendo continuar a defender os direitos das minorias, a associação convida ainda “todas as organizações feministas, organizações políticas, sindicatos, associações progressistas e aliados” a apoiarem publicamente a Planning Familial.