“Libertad”
Nora é uma adolescente de uma família abastada e com os pais à beira de se separarem, que vai passar o Verão com os parentes na grande casa com piscina da avó, que sofre de Alzheimer. O aparecimento de Libertad, a filha da empregada colombiana daquela, mais velha, espigadota e insolente que Nora, e da qual se torna amiga, vai mudar-lhe por completo a rotina das férias. Primeira longa-metragem da argumentista e realizadora espanhola Clara Roquet, “Libertad” é um filme que percorre caminhos conhecidos (as insatisfações, inquietações e rebeliões da adolescência, as amizades que dão novas perspetivas à vida) com personagens familiares pela mão, mas fá-lo com sensibilidade, recato emocional e conhecimento do modo de ser e da psicologia dos jovens na “idade difícil”, como se dizia dantes. Maria Morera em Nora e Nicolle Garcia como Libertad têm interpretações adequadíssimas às respetivas personagens. (Pode ler a crítica aqui.)
“Paradise Highway — Perseguidas”
Até as melhores e mais consumadas atrizes dão passos em falso. Sucedeu agora a Juliette Binoche, que em “Paradise Highway — Perseguidas”, de Anna Gutto, personifica, às três pancadas e com um sotaque canadiano muito inseguro, Sally, uma camionista solitária que se mete numa perigosa embrulhada com uma menor destinada à prostituição, sendo perseguidas pelo casal de proxenetas a que esta se destinava e por dois agentes do FBI. Este “thriller” com embrulho de “denúncia” é transparente e raquítico, cheio de lugares-comuns narrativos, emocionais, de caracterização e visuais, com uma reviravolta final que se adivinha a uma hora de distância, e dura muito mais do que aquilo que deveria e se justificava. Morgan Freeman faz o agente do FBI mais velho e batido, numa interpretação “telefonada”.
“Kaamelott: O Primeiro Capítulo”
Criada em 2005 por Alexandre Astier, Alain Kapauff e Jean-Yves Robin, “Kaamelott” é uma série de televisão cómica passada no tempo do rei Artur e dos Cavaleiros da Távola Redonda, foi emitida até 2009 e transformou-se numa das mais populares da história da televisão francesa (está inédita em Portugal mas pode ser vista na íntegra no YouTube). Realizado e escrito por Alexandre Astier, que interpreta, como sempre, o papel do rei Artur, “Kaamelott: O Primeiro Capítulo”, é o filme de abertura de uma trilogia, e passa-se 10 anos após o final da última temporada da série, contando o regresso do monarca a Kaamelott, após ter renunciado ao trono e deixado o governo do reino nas mãos de Lancelot, que se transformou num tirano. (Pode ler a crítica aqui.)