As associações de bares e discotecas do Porto defenderam hoje o reforço de policiamento permanente na zona da baixa e centro histórico, temendo que a insegurança afaste os clientes que têm promovido a retoma económica do setor.

A necessidade de “mais policiamento” nas zonas de diversão noturna do Porto, em particular nas zonas da baixa da cidade e da Movida, onde se concentram a maioria dos estabelecimentos, é partilhada pelas duas associações que representam os empresários do setor da diversão noturna da cidade.

“O que devia ser devidamente acautelado pelas forças policiais e, nomeadamente, pelo Ministério da Administração Interna (MAI) é a presença policial permanente e em períodos longos durante a noite”, afirmou à Lusa o presidente da Associação de Bares da Zona Histórica do Porto, António Fonseca.

Já o presidente da Associação de Bares e Discotecas da Movida do Porto, Miguel Camões, garantiu que “da porta para dentro”, os estabelecimentos de diversão noturna são “seguros”, dizendo que o grande problema está “na rua”, onde é notória a “falta de policiamento”.

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“Devido à afluência que temos de clientes nestas ruas da Movida do Porto, precisamos de um policiamento presente e permanente, de forma que situações menos agradáveis possam acontecer”, disse Miguel Camões.

Defendendo que o ‘botellón’ e as festas nas ruas não são “fenómenos pós pandemia”, mas que surgiram com a mesma e que se “agravaram” nos últimos tempos, o presidente da Associação de Bares e Discotecas da Movida do Porto afirmou que os estabelecimentos estão “dispostos a arcar com os custos do policiamento gratificado”.

“Conseguimos em 2018, em 2019 e até março de 2020 ter policiamento gratificado na zona da Movida. Achamos que é obrigação do Governo colocar policiamento na rua, mas estamos dispostos a arcar com os custos. Neste momento, não temos é autorização para o fazer”, acrescentou Miguel Camões.

Quanto ao policiamento gratificado, António Fonseca considera ser necessário, mas na zona onde se encontram as discotecas da cidade, como na zona industrial, onde, consecutivamente, “carros são alvo de furto”.

“Depois da pandemia, com os encargos elevadíssimos, com as rendas milionárias dos espaços, não faz sentido ter policiamento gratificado na Movida. Há outras zonas onde faz sentido, como na zona industrial, zona perigosa de assaltos aos carros”, referiu.

Dizendo que os casos de violência não aumentaram “consideravelmente” na cidade, António Fonseca reconheceu, contudo, que as redes sociais “proliferam” em grande escala os acontecimentos e teme que os mesmos afastem os turistas, que neste verão têm ajudado a minimizar os danos causados pela pandemia.

“As redes sociais poderão levar a que, de um momento para o outro, toda esta dinâmica do turismo possa começar a fugir para outros países. Se isto se começa a sentir no turismo, pode ser fatal e grave. Por isso é que achamos que a presença policial deve funcionar depois do encerramento dos estabelecimentos”, observou António Fonseca.

Quanto ao sistema de videovigilância, que será composto por 79 câmaras fixas, Miguel Camões considera que vai ser uma “boa ajuda” para controlar fenómenos como o ‘botellón’, mas que “por si só não vai resolver a situação”.

“É um ótimo complemento, mas entendemos que nas ruas da cidade do Porto o policiamento era a solução mais indicada e estamos aqui a arcar com esses custos. Queremos que a situação se desbloqueie e, de facto, ter agentes na rua”, acrescentou.

Já António Fonseca defendeu que o sistema de videovigilância deve ser “alargado” a outras artérias da cidade e zonas adjacentes aonde se centra a diversão noturna, como a Rua de Santa Catarina, Rua 31 de Janeiro e Rua Sá da Bandeira.