A tenista ucraniana Marta Kostyuk recusou cumprimentar a adversária bielorrussa Victoria Azarenka, por considerar que a antiga número 1 do mundo não tomou uma posição relativamente à guerra na Ucrânia. “O meu país está a ser destruído diariamente“, afirmou a ucraniana, explicando porque é que não quis fazer o habitual aperto de mão no final da partida.

Esta quinta-feira, Azarenka venceu a ucraniana, em dois sets (com as pontuações 6-2 e 6-3) – no final, Kostyuk optou apenas por esticar a raquete esperando que a adversária retribuísse, uma atitude que não agradou à bielorrussa.

Não sei se esta foi a melhor coisa a fazer-se nas circunstâncias em que estou mas foi esta a minha escolha. Não conheço nenhuma pessoa [da Bielorrúsia] que tenha condenado publicamente a guerra e as ações do seu governo, então sinto que não posso apoiar. Tivemos um excelente jogo, ela é uma grande competidora. Respeito-a como atleta mas não como ser humano”, disse a ucraniana em declarações ao jornal britânico The Telegraph.

A ucraniana Kostyuk chegou mesmo a considerar que Azarenka não deveria sequer ter participado na prova: “Toda a gente quer ser super democrática sobre este assunto. O meu país está a ser destruído diariamente. Imagine-se que na II Guerra Mundial e que existia uma angariação de fundos para os judeus e os alemães queriam jogar — durante a guerra, não 70 anos depois. Acho que o povo judeu não iria compreender”, atira a ucraniana.

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Azarenka, que em 2012 foi considerada a melhor tenista do mundo, desvalorizou o incidente. “Não acho que se deva dar tanta importância a esta situação. Eu cumprimento sempre os meus adversários, já tive outras situações idênticas – nomeadamente em Washington com Yastremska. Não posso obrigar ninguém a apertar-me a mão, é decisão delas, como é que isso me faz sentir? Não é a coisa mais importante do mundo neste momento”.

A atleta da Bielorrússia aproveitou ainda para se demarcar da posição em que a tenista ucraniana a colocou, afirma que os jogos e competições em que participa nada têm que ver com questões políticas ou sociais: “Eu olho para ela como uma tenista, como uma colega. Sei que ela está a passar por muitas situações complicadas. Não é fácil de lidar… o que quer que eu possa fazer para a ajudar, eu não faço jogos políticos, não faço jogos de media, não é essa a razão pela qual estou aqui”, comenta ainda no rescaldo dos acontecimentos.

Na semana passada, a United States Tennis Association excluiu a bielorrussa da Tennis Plays for Peace — uma iniciativa que junta a comunidade de ténis para angariar fundos e ajuda humanitária para a guerra na Ucrânia.