Ainda no início de agosto, num particular contra a Juventus, Griezmann entrou aos 67 minutos. Na primeira jornada da liga espanhola, contra o Getafe, entrou aos 63 minutos. Contra o Villarreal, novamente aos 63′. Contra o Valencia, aos 63′. Contra a Real Sociedad, também aos 63′. Pelo meio, fez dois golos — e tornou-se protagonista de uma das novelas mais comentadas em Espanha nos últimos dias.
Ora, o facto de Griezmann ainda não ter sido titular pelo Atl. Madrid esta temporada, sendo sempre lançado já após a hora de jogo apesar do bom desempenho que até tem demonstrado em campo, levantou dúvidas. Segundo a imprensa espanhola, tudo estará relacionado com a cláusula incluída no acordo de empréstimo do jogador por parte do Barcelona aos colchoneros.
O avançado francês regressou a Madrid em agosto do ano passado depois de uma experiência pouco conseguida na Catalunha. A cedência inicial dizia respeito apenas à temporada passada, 2021/22, mas o Atl. Madrid acabou por decidir acionar a cláusula de opção de renovação do empréstimo, deixando Griezmann novamente ligado ao clube até ao fim da época que está a decorrer, 2022/23. O problema? Nesse mesmo acordo, o Barcelona salvaguardou a certeza de que os colchoneros teriam de ativar uma cláusula de compra obrigatória no final da temporada, no valor de 40 milhões de euros, se o jogador cumprisse pelo menos 45 minutos em 50% dos jogos.
Ou seja, em resumo e num xadrez lógico que não obriga a grandes suposições, o Atl. Madrid estará a gerir a utilização de Griezmann para não ter de desembolsar os tais 40 milhões no final da temporada. Segundo o El País, porém, o objetivo do Atl. Madrid é pressionar o Barcelona a baixar esse valor — ou seja, os colchoneros querem o avançado francês mas não querem pagar tanto por ele.
O esquema acabou mesmo por ser aparentemente assumido por Diego Simeone numa conferência de imprensa recente. “Conhecem-me há 10 anos como treinador. Sou um homem do clube e vou sempre ser”, disse o argentino, deixando claro que está a cumprir indicações da estrutura do Atl. Madrid. “Mas temos de os tentar fazer entender que jogar bem durante 30 minutos é mais importante do que jogar mal durante 60. Toda a gente quer ter mais minutos e é por isso que os treinadores procuram as melhores situações para a equipa”, acrescentou Simeone, numa quase manobra de diversão.
Ora, ainda assim, a imprensa espanhola garante que o entorno do Atl. Madrid está plenamente confiante de que o Barcelona nada poderá fazer em termos judiciais ou legais, já que não tem forma de provar que a não titularidade de Griezmann está relacionada com a tal cláusula. E, até que os catalães decidam ou não tomar uma atitude, o avançado francês vai continuar a entrar ao minuto 63 dos jogos dos colchoneros.