Marcelo Rebelo de Sousa assistiu ao desfile cívico-militar desta quarta-feira em Brasília, onde estavam muitos apoiantes de Jair Bolsonaro. Em declarações aos jornalistas, o Presidente da República optou por enaltecer a participação de Portugal no bicentenário da independência do Brasil e desvalorizou questões políticas.
O chefe de Estado português foi questionado sobre se tinha escutado palavras contra Lula da Silva numa cerimónia que está a ser considerado um comício de apoio a Bolsonaro. “Eu, na tribuna onde estava, não ouvi essas palavras de ordem, nem essas, nem outras palavras de ordem”, garantiu.
“Representar a nação portuguesa” é a responsabilidade do chefe de Estado no Brasil, que explicou que está nas cerimónias do bicentenário não enquanto “o professor Marcelo Rebelo de Sousa”, mas sim “a representar Portugal num momento histórico”.
As pessoas têm que perceber o seguinte: a campanha eleitoral dura x tempo, o mandato do Presidente dura muito mais e a História de 200 anos dura muito mais. E o que fica para a História é que Portugal esteve presente no momento em que se comemora” o bicentenário da independência do Brasil, salientou.
Desta forma, na opinião de Marcelo Rebelo de Sousa não fica para a História “se havia ou não um acontecimento de política interna” aquando da comemoração do bicentenário da Independência do Brasil. “Eu venho aqui num gesto histórico. Isto é um gesto histórico. E não é histórico por haver uma eleição, é histórico porque são 200 anos de vida de um Brasil independente”.
Questionado se estava confortável por ter estado nesta cerimónia de comemoração do bicentenário da independência do Brasil, o Presidente português respondeu: “Sim, sim”. Perante a revelação de que esteve na tribuna a acompanhar o desfile cívico-militar junto de Luciano Hang, empresário alvo de investigações das autoridades brasileiras por suspeitas de que estaria a planear um golpe de Estado em caso de derrota de Bolsonaro nas eleições de outubro, Marcelo Rebelo de Sousa salientou que não controla quem se encontra com ele.
“Como sabem, tirei fotografias e selfies um pouco por todo o lado, já me aconteceu também em Portugal, com muitos cidadãos que não conheço e não pude controlar quem seria”, afirmou.
Nas suas declarações, Marcelo Rebelo de Sousa recordou também que não foi o único chefe de Estado a ser convivado para assistir às comemorações — Umaro Sissoco Embaló, Presidente da Guiné-Bissau, e José Maria Neves, Presidente de Cabo Verde, também estiveram presentes.