A Assembleia da República aprovou, à posteri, a deslocação que Marcelo Rebelo de Sousa já tinha feito a Angola para participar no funeral de José Eduardo dos Santos no final de agosto, mas Iniciativa Liberal e Bloco de Esquerda votaram contra, enquanto o PAN se absteve.
No final da sessão em que se discutiu o aumento do custo de vida, dos lucros dos grupos económicos e o agravamento das desigualdades, por marcação do PCP, as três forças partidárias mostraram não estar de acordo com a visita oficial do Presidente da República, porém a votação acontece já depois de Marcelo ter ido ao funeral, numa altura em que o Parlamento estava de férias.
Ao Observador, a Iniciativa Liberal justifica ao dizer que “a mais alta figura de um Estado democrático não pode ter ações que legitimem, a priori ou a posteriori, um regime autocrático”. “Acresce a isso o facto de não existir um histórico de reciprocidade que justifique a deslocação do senhor Presidente da República a Angola, tornando esta viagem um indesejável ato de subserviência”, pode ler-se na mesma declaração.
O Observador já pediu reação ao Bloco de Esquerda e ao PAN, mas ainda não obteve resposta.
No projeto votado esta quarta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa pedia “o assentimento da Assembleia da República para se deslocar a Angola, entre os dias 26 e 29 de agosto, para participar, em representação de Portugal, no funeral de Estado do antigo Presidente de Angola José Eduardo dos Santos”. Assim, a votação aconteceu depois do funeral e da deslocação.
Na mesma comissão permanente foi também aprovada a deslocação de Marcelo Rebelo de Sousa à Califórnia, entre 23 e 29 de setembro, tendo essa visita sido aprovada por unanimidade.