Até pode parecer que foi “ontem” para alguns, mas a realidade é que já passaram mais de 20 anos desde o lançamento da primeira geração do X-Trail. Quase sete milhões de unidades depois, chega à Europa a quarta geração do maior crossover da Nissan, com o construtor japonês a apostar em transpor para o novo modelo muitas das soluções que já conhecemos do Qashqai, com especial destaque para as motorizações e-Power, a nova “menina dos olhos” do fabricante japonês.

A Nissan, tal como já aqui explicámos aquando do nosso primeiro contacto com o Nissan Qashqai, optou por fazer uma abordagem diferente à electrificação, desenvolvendo uma solução que, na percepção do utilizador, funciona como um eléctrico embora seja híbrida. Com a tecnologia e-Power, o motor a combustão serve não para impulsionar o veículo, mas sim para gerar energia para alimentar uma pequena bateria, a qual por sua vez abastece o motor eléctrico e este, sim, é que é o responsável pelo accionamento das rodas.

A experiência da marca neste domínio remonta a 2017, altura em que foi introduzida no Note comercializado no Japão. Mas agora, “para satisfazer as exigências típicas dos consumidores europeus e da sua condução diária”, o motor 1.2 de 106 cv que alimentava a bateria do Note foi trocado por um 1.5 litros turbo com 150 kW (204 cv) de potência e um mecanismo que lhe permite variar a relação de compressão. Este tricilíndrico a gasolina é transversal à gama do novo X-Trail, que chegará aos concessionários em três versões. Por cá, ao que o Observador apurou, a prioridade vai para as motorizações e-Power que, à partida, deverão chegar em Outubro. E será mais próximo do lançamento que serão comunicados os preços para Portugal.

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Certo mesmo é que a versão mais acessível corresponderá ao motor 1.5 VCR Turbo, um mild hybrid de 163 cv e 300 Nm, passados às rodas da frente por meio de uma caixa de variação contínua. O apoio do sistema a 12 volts permite alguma poupança de combustível, mas nada de muito significativo. Daí que os consumos anunciados para esta motorização oscilem entre 7,1 e 7,4 litros/100 km, o que faz dela a mais exigente em combustível e também a que emite mais dióxido de carbono (161-166 g/km de CO2). O facto de ser o motor menos potente da gama explica, ainda, os 9,6 segundos necessários para superar a barreira dos 100 km/h.

No que toca à tecnologia e-Power alimentada pelo 1.5 a gasolina, a oferta divide-se entre a versão de 204 cv e tracção dianteira e a de 213 cv e tracção integral, o que a Nissan designa de e-4ORCE. A unidade eléctrica montada no eixo da frente é sempre a mesma (150 kW/204 cv), tal como a bateria de 1,8 kWh é comum a ambas as versões. Distingue-as, portanto, o segundo motor eléctrico, montado no eixo posterior e que não está mecanicamente ligado ao restante conjunto motopropulsor, comunicando com ele electronicamente. Com 94 kW/128 cv, esse motor instalado atrás garante, segundo a Nissan, “uma resposta 10.000 vezes mais rápida do que um sistema mecânico 4WD”. Como seria de esperar, as versões com tracção integral são as mais rápidas na aceleração de 0-100 km/h e são as únicas a oferecer programas específicos para a condução fora de estrada. Confira abaixo as diferentes especificações:

Um SUV (claramente) feito para a cidade

Apesar dos seus 4,68 metros de comprimento – mais 25 cm que o Qashqai, embora ambos recorram à mesma plataforma, a CMF-C da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi –, o novo X-Trail deverá sentir-se particularmente à vontade na cidade. Não porque aí abunde o espaço para estacionar, mas sim porque a Nissan tratou de equipá-lo com aquilo a que chama de e-Pedal Step.

Apesar daquilo que o nome possa sugerir, por trazer de imediato à memória o e-Pedal do Leaf, na realidade não se trata de uma solução que permita ao condutor conduzir apenas com um pedal (o do acelerador). Basicamente, porque neste caso o e-Pedal não tem capacidade para imobilizar o veículo. Assim, tal como acontece com o Qashqai e-Power, também nos X-Trail e-Power o e-Pedal Step funciona (teoricamente) como um modo de condução para facilitar a vida aos pés do condutor que se desloca sobretudo em meio urbano e na periferia. Acreditando que é altamente provável que “70% do tempo de condução seja gasto em áreas suburbanas”, a Nissan entende que o e-Pedal das versões e-Power será útil no pára-arranca e nas manobras de estacionamento. Porém, é bom frisar que o e-Pedal Step só trava o X-Trail a 0,2g, ou seja, permite-lhe abrandar mas não parar por completo.

A propósito dos sistemas de assistência à condução, a Nissan informa que o novo X-Trail está equipado com o ProPILOT Navilink, sendo por isso capaz de combinar o cruise control adaptativo, o assistente de manutenção na faixa de rodagem e a leitura dos sinais de trânsito para seguir autonomamente a uma velocidade predefinida, adaptando-se ao fluxo do tráfego, isto é, conseguindo retomar sozinho a marcha depois de uma paragem, desde que esta não exceda os três minutos. O sistema conta ainda com outras funcionalidades comuns como o avisador da presença de um veículo em ângulo-morto, a travagem autónoma de emergência, entre outros. Contudo, resta ainda clarificar qual o equipamento que será proposto de série.

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O que poucas dúvidas suscita é que vantagens estão associadas à adopção da nova arquitectura da Aliança. De acordo com o construtor, a nova plataforma permitiu montar no novo X-Trail uma suspensão McPherson “actualizada” à frente e multilink atrás, com a carroçaria do crossover a ser maioritariamente em aço, enquanto as portas, o pára-choques dianteiro e o capô são em alumínio e, pela primeira vez, o portão da bagageira é em material compósito. Opções que visam baixar o peso, por um lado, e aumentar a rigidez, por outro.

Para famílias grandes (ou que gostem de viajar à larga)

De série, o X-Trail é um SUV de cinco lugares que, opcionalmente, pode montar uma terceira fila de bancos com dois lugares individuais, capazes de acomodar viajantes que não excedam o 1,60 m de altura. Esses dois lugares extra podem “desaparecer”, ficando alinhados com o piso da bagageira, quando não há necessidade de transportar mais do que cinco ocupantes.

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Na configuração convencional de lugares (5), o volume da mala aumenta 20 litros face à geração anterior, passando a situar-se nos 585 litros. Já com os sete lugares, a capacidade da mala baixa 100 litros. Novidade, ainda, é o acesso melhorado à segunda fila de bancos, graças à abertura das portas a quase 90 graus.

Quanto ao interior, fica-se com a impressão de que estamos perante um Qashqai maior. O condutor tem à sua frente um painel de instrumentos digital de 12,3 polegadas, exactamente a mesma dimensão do ecrã central a partir do qual se explora o sistema de infoentretenimento, compatível com Android Auto e Apple CarPlay.

Apesar do upgrade tecnológico, a Nissan optou por manter alguns comandos físicos. “A informação recolhida junto dos clientes tem mostrado claramente a sua preferência por funções centrais fáceis de usar, por isso o X-Trail tem controlos simples e intuitivos de aquecimento/ar condicionado, bem como botões que regem as funções do ecrã central, como áudio e navegação”, explica o construtor. Em pouco mais de um minuto, veja em detalhe como é por dentro o novo crossover japonês, que se destina a fazer frente a modelos como o Mitsubishi Outlander, o Skoda Kodiaq, o Seat Tarraco, entre outros.