A entrega da taça Jules Rimet a Bobby Moore após a vitória no prolongamento em Wembley da Inglaterra frente à Alemanha na final do Mundial de 1966. A cerimónia do triunfo da Alemanha no Europeu de 1996 também em Wembley frente à Rep. Checa, desta vez com a honra de levantar o troféu a pertencer a Jürgen Klinsmann. O pequeno filme gravado em específico para a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2012 que inaugurou o Estádio Olímpico de Londres. De uma forma ou outra, de maneira mais ou menos visível, a Rainha Isabel II esteve sempre presente nos grandes momentos desportivos em Inglaterra ao longo de um reinado de 70 anos. E foi esse peso também que se sentiu em Old Trafford.

Morreu Isabel II. Novo Rei é Carlos III

Caras fechadas, olhares perdidos num vazio que todos sabiam onde ia parar, nada de grandes festividades antes do apito inicial (nem ao intervalo, onde não se ouviu aquela habitual música da descompressão). Não era propriamente um ambiente tenso mas sentia-se uma quase nostalgia antes da receção do Manchester United à Real Sociedad que esvaziou por completo a primeira titularidade da época de Cristiano Ronaldo (ou a estreia no onze de Casemiro). Até o minuto de silêncio foi bem mais do que isso, com o speaker do clube a ler um texto onde explicava a importância de Isabel II no país e na Commonwealth, deixava as mais sentidas condolências à Família Real de todos os adeptos espalhados pelo mundo e pedia o respeito total por aqueles 60 segundos. Nas bancadas, viram-se pessoas a chorar, outras de mão na zona do coração, a grande falange de apoio dos bascos calada com os cachecóis estendidos. Arrepiante.

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O jogo foi mais do que um jogo. Claro que quando a bola começou a rolar ouviram-se cânticos, assobios, aplausos, manifestações de todo o tipo. Contudo, era diferente. O jogo foi mais do que um jogo.

Com duas alterações em cada setor (Maguire e Lindelöf por Varane e Lisandro Martínez; Casemiro e Fred por McTominay e Bruno Fernandes; Elanga e Ronaldo por Sancho e Rashford), Erik ten Hag abria uma espécie de período de novas oportunidades a alguns elementos que ou chegaram mais tarde ou não têm sido opção numa fase em que a equipa levava quatro vitórias consecutivas. Na primeira parte, não houve propriamente ninguém que tenha aproveitado: os ingleses tinham menos bola, atacavam melhor, tiveram até um golo anulado a Ronaldo por fora de jogo após cruzamento de Diogo Dalot mas também não criaram muitas oportunidades frente a uma Real Sociedad com muita posse mas quase inofensiva.

Mantendo a mesma ideia de rotatividade para não sobrecarregar os elementos com mais minutos, Ten Hag trocou ao intervalo Diogo Dalot e Eriksen por Lisandro Martínez e Bruno Fernandes mas foi o conjunto espanhol a entrar melhor, tendo mais David Silva em jogo e chegando com outro protagonismo ao último terço. E seria mesmo o central argentino, que pouco antes evitara um golo certo, a ser intérprete do lance do 1-0 para os visitantes, com um penálti por mão na bola transformado por Brais Mendéz (59′). A saída de David Silva e o adiantamento no terreno do Manchester United mudou depois as características do encontro mas, à exceção de uma tentativa ao lado de Casemiro e de um remate prensado num defesa de Ronaldo que deu canto, os red devils nunca estiveram perto do empate. A estreia de CR7 na Liga Europa após quase duas décadas a jogar a Champions foi para esquecer no dia que Inglaterra não mais esquecerá.