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“Todo o mundo deve ver isto”, denunciou o Presidente da Ucrânia, esta sexta-feira, acusando as forças russas de “assassínio” e “tortura” depois de mais de 400 túmulos terem sido descobertos numa floresta perto de Izium, uma cidade recentemente recuperada pelas forças ucranianas.
Numa publicação no canal de Telegram, Voldodymyr Zelensky refere que no local foram encontrados corpos com sinais de tortura, acusando a Rússia de deixar apenas “morte e sofrimento” por onde passa. Deixou também uma aviso aos responsáveis : “não podem fugir, não podem esconder-se, a retribuição será terrível”.
Um mundo em que não deveria existir crueldade ou terrorismo, mas tudo isto está aqui. E o seu nome é Rússia.”
Ao longo do dia, cavando à chuva, as autoridades ucranianas estiveram a exumar os cadáveres, enterrados numa floresta perto de Izium. Os investigadores tiveram acesso ao local, onde estimam encontrar-se 445 sepulturas, depois de uma contraofensiva para recuperar os territórios ocupados pelas forças russas na região de Kharkiv.
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Primeiro corpo recuperado tinha sinais de “morte violenta”
Oleksandr Filchakov, procurador ucraniano da região de Kharkiv, denunciou que o primeiro corpo retirado do cemitério em massa tinha uma corda à volta do pescoço e mostrava sinais de ter sofrido uma “morte violenta”.
Os cadáveres foram enterrados durante a ocupação russa à cidade de Izium e, segundo as autoridades, as mortes terão resultado de minas, bombardeamentos e ataques aéreos, mas também de disparos. “Trabalho no gabinete do procurador há mais de 20 anos e esta é a primeira vez na minha vida que vi algo assim”, disse Oleksandr Filchakov à Sky News, que esteve presente no local.
Os coveiros locais foram encarregados de enterrar os corpos durante a ocupação russa, explicou Serhii Bolvinov, o principal investigador da polícia da região de Kharkiv. As campas foram marcadas com cruzes, algumas com o nome dos indivíduos, outras apenas com números.
“É muito doloroso para nós … Este lugar só apareceu por causa do agressor.”
De acordo com Bolvinov, as vítimas foram registadas num caderno e, quando não se sabia a identidade da pessoa, eram apontados os detalhes conhecidos – como o género. Agora os investigadores têm na sua posse o livro com todos os registos e acreditam que o número total seja 445. As autoridades pensam que a maioria das pessoas eram civis, mas havia pelo menos uma vala comum onde foram descobertos 17 soldados ucranianos.
99% dos cadáveres exumados em Izium têm “sinais de morte violenta”
“Isto é um terror sangrento e brutal”, descreveu o governador regional de Kharkiv sobre a situação em Izium. No Telegram, Oleg Synegubov refere que 99% dos cadáveres exumados apresentavam “sinais de uma morte violenta”.
Ao longo do dia, diz que foram encontrados vários corpos com as mãos atadas atrás das costas e uma pessoa com uma corda à volta do pescoço. “Obviamente estas pessoas foram torturadas e executadas”, sublinhou, acrescentando que no local também foram encontradas crianças enterradas.
O comissário do parlamento ucraniano para os direitos humanos descreveu a situação como um “genocídio” dos ucranianos, denunciando a descoberta de uma família inteira. “Era uma família jovem. O pai nasceu em 1988, a mulher nasceu em 1991 e a filha em 2016”, afirmou Dmytro Lubinets, citado pelo The Guardian. Revela que há testemunhos de que indicam que a família morreu num ataque aéreo das forças russas e que há “muitos” casos semelhantes. “Estes são os assassinos das nossas crianças, das nossas mulheres, dos nossos homens”.
Os investigadores vão agora conduzir exames forenses para identificar todos as pessoas no local, que depois serão enterradas com o “devido respeito”. Os registos serão utilizados como evidências nos tribunais internacionais. A agência de Direitos Humanos das Nações Unidas já disse que vai investigar as mortes.