O Governo apresentou os cálculos que mostram um agravamento da despesa com as pensões, quando comparados com as contas feitas em abril — o aumento será agora de 5,5% — e, de acordo com o Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério da Segurança Social, a despesa deverá refletir-se já no final desta década. No entanto, estará apenas a olhar para uma das variáveis, ignorando as receitas da Segurança Social.

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Ao Jornal de Negócios, Armindo Silva, economista e membro da comissão que vai agora analisar a sustentabilidade da Segurança Social, indicou que as receitas vindas das contribuições sociais deverão ser superiores à previsão de 21.166 milhões de euros, podendo fixar-se nos quase 22.500 milhões de euros, com “um excedente em relação ao orçamento de cerca de 1.300 milhões de euros”.

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“Estamos a viver uma situação excecional, que se reflete também numa evolução anormal da receita”, acrescentou.

O economista explicou ainda que o aumento anual das receitas das contribuições sociais rondam os 12,5%, tendo em conta a comparação entre o crescimento dos primeiros sete meses deste ano e o período homólogo do ano anterior.

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“Se fosse uma coisa muito marginal, aceitávamos que não se mexesse do lado da receita. Agora, como o impacto se prolonga durante décadas, não é crível que não afete o crescimento económico e por essa via o emprego e a receita com quotizações e contribuições”, acrescentou o professor de Economia e Finanças da Universidade Nova de Lisboa, Jorge Bravo.