O Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), almirante Henrique Gouveia e Melo, considerou esta quinta-feira que só com o envolvimento da academia e indústria vai ser possível estar na vanguarda da “guerrilha tecnológica”.

O almirante esteve presente durante as últimas duas semanas no REPMUS (Robotic Experimentation and Prototyping using Maritime Uncrewed Systems), um exercício que é um “campo para experiências em larga escala onde as marinhas da Organização do Tratado do Atlântico Norte [NATO] podem colaborar entre si, e com a academia e a indústria, para desenvolver e testar sistemas não tripulados”, usualmente conhecidos como ‘drones’, de acordo com a informação da Marinha.

Em conferência de imprensa, nas instalações da NATO em Oeiras (distrito de Lisboa), Gouveia e Melo explicou que o exercício possibilita “uma maneira rápida de desenvolver novas tecnologias e experimentá-las”, assim como uma adaptação “rápida ao ambiente marítimo e às capacidades da guerra”.

“O nosso objetivo é conseguir desenvolver novos sistemas a uma velocidade hipersónica”, sustentou.

Gouveio e Melo descreveu que hoje existe uma “guerrilha tecnológica assimétrica” e que os países da NATO necessitam de estar na linha da frente das “capacidades com a tecnologia do presente, principalmente os sistemas não tripulados”.

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Depois, para descrever a importância desta parceria ‘tripartida’, o almirante fez uma comparação entre o tempo que demora a ocorrer essa evolução e “um elefante”.

Há muita inércia [no elefante] e demora o seu tempo [a avançar]. Se pensarmos num navio, entre entregá-lo, treinar a tripulação e começar a operá-lo são entre 15 a 20 anos. Neste período a tecnologia evolui imenso. Há 50 anos o fosso tecnológico era de 20 anos. Hoje é apenas de dois. A cada dois anos a tecnologia é completamente nova”, explicitou.

Através “desta abordagem” que inclui marinhas, universidades e indústrias de diferentes países, “vai ajudar o elefante a guiar-se da melhor maneira”, completou.

Em 12 edições o número de países e instituições envolvidas cresceu e este ano houve um total de 25 nações envolvidas entre Estados-membros da NATO e observadores, por exemplo, o Brasil.

A informação divulgada aos órgãos de comunicação social acrescenta que fizeram parte do REPMUS “aproximadamente 900 civis e militares”, assim como “600 tripulantes nos navios”.

Quanto aos drones, estiveram envolvidos no REPMUS22 cerca de 40 drones subaquáticos, 18 à superfície e ainda 45 aéreos.

O REPMUS22 começou a 11 de setembro e vai terminar na sexta-feira. Ao longo de duas semanas decorreram várias experimentações destes sistemas tecnológicos na Península de Troia, no distrito de Setúbal.