“Não te Preocupes, Querida”

EUA, anos 50. Alice Chambers (Florence Pugh) vive com o marido Jack (Harry Styles), um engenheiro, numa luxuosa comunidade construída no meio do deserto, onde aquele trabalha no ultrassecreto Projecto Vitória, liderado pelo empresário que lançou a iniciativa. Mas pouco a pouco, Alice vai-se apercebendo que há coisas estranhas a acontecer na comunidade. Realizado pela actriz Olivia Wilde, que tem também um dos principais papéis, “Não te Preocupes, Querida” é um desastrado e incoerente filme de ficção científica distópica, cujo “mistério” adivinhamos ao fim de 20 minutos, ou não fosse derivativo de títulos como “Mulheres Perfeitas”, de Bryan Forbes, “The Truman Show — A Vida em Directo”, de Peter Weir, ou “Serenidade”, de Steven Knight. O argumento tem buracos de implausibilidade do tamanho de crateras e a racionalização das situações é nula, Florence Pugh é criminosamente desperdiçada, Styles não dá uma para a caixa da representação, e como se tudo isto não bastasse, “Não te Preocupes, Querida” vem a cavalo do esterótipo da “repressão patriarcal” (a culpa é toda dos malvados dos homens, e dos maridos).

“Restos do Vento”

O novo filme de Tiago Guedes (“Coisa Ruim”, “A Herdade”), também autor do argumento com Tiago Rodrigues, começa em 1995, quando os rapazes de uma vila do interior de Portugal, disfarçados com capuzes e empunhando cordas e vergastas, cumprem um ritual anual e andam pelas ruas a fazer barulho, a assustar as pessoas e sobretudo a perseguir as raparigas, depois de terem andado a beber no café local e sido humilhados e picados pelo agressivo e boçal dono deste. Na sequência do ataque a uma delas, que quase se transforma numa violação coletiva, um dos rapazes, Laureano, é responsabilizado pelo ato do grupo, brutalmente espancado pelos outros e deixado no meio da rua. Três décadas mais tarde, o ritual deixou de ser praticado, mas o assassinato de um adolescente, filho de um dos membros do grupo de rapazes, vem acordar factos passados. “Restos do Vento” foi escolhido como filme da semana pelo Observador, e pode ler a crítica aqui.

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