Quase um terço dos trabalhadores independentes em Portugal está em risco de pobreza ou exclusão social. O país é apenas ultrapassado pela Roménia, segundo os dados relativos a 2021 revelados esta quinta-feira pelo Eurostat, o gabinete de estatísticas da UE.

“Ao nível nacional, em 2021, a Roménia, Portugal e a Estónia registaram a proporção mais elevada de trabalhadores por conta própria em risco de pobreza e exclusão social (70,8%, 32,4% e 32,2%)”, revela o Eurostat, sublinhando que a Roménia foi o país que assistiu ao maior aumento entre 2020 e 2021 (5,1 pontos percentuais).

Em Portugal, a situação também piorou, mas menos: de 30,4% em 2020 para 32,4% em 2021, um aumento que tem sido sucessivo desde 2018 (27%), mas ainda abaixo dos 33,1% de 2017. Em 2021, porém, iniciou-se uma nova série de dados em Portugal que pode condicionar esta comparação anual.

Fonte: Eurostat

Por outro lado, a situação melhorou em 11 países, tendo essa melhoria sido mais significativa na Irlanda e na Hungria (-3,1 e 3,7 pontos percentuais entre 2020 e 2021, respetivamente).

Portugal está acima da média da UE, onde 23,6% dos trabalhadores independentes com 18 ou mais anos estavam em risco de pobreza e de exclusão social. “Comparando com 2020 e olhando para a situação na atividade, esta foi a única categoria que registou uma deterioração na situação de pobreza, aumentando de 22,6% para 23,6%”, nota o Eurostat.

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60% dos desempregados em risco de pobreza

Essa tendência, porém, não se registou em Portugal, onde a categoria dos desempregados também viu um agravamento do risco de pobreza, de 54,2% para 60,4% (abaixo da média da UE, 64,5%), assim como a dos reformados, de 19,3% para 22,3% (acima da média europeia, 18,6%).

Nos critérios do Eurostat, as percentagens dizem respeito à soma das pessoas em “risco de pobreza” ou em privação material “severa”, o que significa que não conseguem adquirir pelo menos quatro de nove itens que são considerados pela maioria como desejáveis ou necessários para viver adequadamente. Também incluem as pessoas até aos 59 anos que vivem em agregados onde os adultos trabalham 20% ou menos do horário potencial.