Quando Khalid Khannouchi conseguiu tirar quatro segundos ao recorde mundial da maratona que já lhe pertencia, na prova de Londres realizada em abril de 2002, apenas uma competição em Berlim tinha sido palco de um novo registo máximo com o brasileiro Ronaldo da Costa em 1998 (2.06.50). No entanto, daí para cá, a capital alemã tornou-se um verdadeiro talismã para todos aqueles que desafiam a prova mais antiga e longa que existe. Um, dois, cinco, sete recordes mundiais batidos este século na famosa corrida germânica com o passar dos anos. Agora, 2022 não foi exceção e a marca voltou mesmo a cair.

Eliud Kipchoge, o homem que fez história ao completar a maratona em menos de duas horas

Eliud Kipchoge, atleta queniano de 37 anos e uma das maiores figuras do fundo na atualidade, conseguiu quebrar o registo máximo que já lhe pertencia, vencendo este domingo a prova em Berlim com o tempo de 2.01.09, menos 30 segundos do que tinha feito também na corrida alemã há quatro anos (2.01.39).

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A série consecutiva de recordes mundiais na maratona de Berlim começou ainda com o queniano Paul Tergat em 2003 (2.04.55), tendo depois dois novos registos máximos do etíope Haile Gebrselassie em anos consecutivos (2.04.26 em 2007, 2.03.59 em 2008). Seguiu-se a marca do surpreendente queniano Patrick Makau em 2011 (2.03.38), superada pelos compatriotas Wilson Kipsang (2013, 2.03.23) e Dennis Kimetto (2014, 2.02.57). Kipchoge tinha tirado mais de um minuto a esse registo em 2018. De recordar que o português Carlos Lopes também foi o detentor do recorde mundial da maratona durante três anos, entre 1985 e 1988 (2.07.12 na maratona de Roterdão) até ao etíope Belayneh Dinsamo fazer 2.06.50.

A maratona em que Kipchoge mostrou que está noutro mundo e onde ficou provado que os mínimos olímpicos eram demasiado altos

“Digo sempre que não espero por um recorde mundial mas quero fazer uma boa corrida. Se tudo correr bem, se for um recorde pessoal ou mundial, vou sempre celebrar. Atualmente não sei quais são os meus limites em Berlim, vou tentar puxar por mim ao máximo porque não sei onde está o limite”, tinha referido à BBC o atleta africano que dobrou a meia maratona com 59.20, o que abria espaço para uma nova marca mundial de referência na distância como acabaria por confirmar-se no resto da prova, registando aquela que foi a 15.ª vitória em 17 maratonas, incluindo duas medalhas de ouro olímpicas em 2016 e 2020.

Eliud Kipchoge. O queniano que venceu a Maratona de Londres e tenta quebrar a barreira dos 02:00:00

“Estou muito feliz com a minha preparação e penso que fui tão rápido por todo o trabalho de equipa. Tudo pode ser possível se for feito em conjunto. Já tinha planeado que iria mais rápido na primeira metade e foi um desempenho maravilhoso. As minhas pernas e o meu corpo ainda se sentem novos mas o importante, mais importante de tudo, é a minha mente. Sinto-me fresco e novo. Estou muito feliz por ter batido o recorde mundial. Correr abaixo das duas horas na próxima maratona de Berlim? Vamos planear o próximo dia, agora festejar este registo e ver o que acontece. Ainda tenho mais nas minhas pernas e acho que tenho um grande futuro pela frente”, comentou depois da prova, citado pela Reuters.