Grandes palácios, festas que nunca mais acabavam e constantes banquetes onde tudo era à grande e à inglesa, assim vivia a monarquia de outros tempos. O resultado, claro, ficava à vista: quilos a mais ou mesmo obesidade, uma panóplia de doenças agravadas pelo excesso de peso e a morte, tantas vezes, prematura. Foram estes os monarcas mais gordos da História real inglesa — no masculino e no feminino.

Rei Jorge IV do Reino Unido (1820-1830)

Peso estimado: 130 quilos

Um verdadeiro bon vivant, o monarca gostava de jogar, de beber e de comer — comme il faut. Tornou-se obeso enquanto ainda era Príncipe de Gales, e acabou por governar não mais do que dez anos devido aos problemas de saúde causados, essencialmente, pelo excesso de peso. Segundo conta o Brighton Museum, Jorge IV contratou o chef francês, Marie-Antoine Carême (1783–1835), mais tarde aclamado como o “chef dos reis e o rei dos chefs”, que lhe preparava robustas refeições à base de carne — entre outras iguarias dignas de rei. O monarca também consumia grandes quantidades de álcool — a sua bebida favorita, diz-se, era o licor Maraschino. Conta-se que, oito anos após a sua coroação, o rei viu-se forçado a dormir ereto de forma a evitar a asfixia. Pela mesma altura as cataratas roubaram-lhe a visão e as suas artérias endureceram. Com alguma regularidade, os médicos tinham de drenar o excesso de líquido do seu abdómen.

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Rainha Vitória do Reino Unido (1837-1901)

Peso estimado: 90 quilos

Reza a história que a rainha possuía um apetite voraz por comida e por sexo. De “singulares pães” a uísque ou vinho quente, Vitória do Reino Unido era, certamente, uma food enthusiast. De acordo com a historiadora, Cecil Woodham Smith, o seu gosto insaciável preocupou os seus parentes, que a exortaram a fazer mais exercícios e a desacelerar. Asseveravam que a princesa (ainda) adolescente “come um pouco demais, e quase sempre rápido demais”. Ainda criança, Vitória foi submetida a um regime rigoroso de alimentação. O resultado não foi o aguardado, e a jovem futura rainha prometeu a si mesma comer carne de carneiro todos os dias quando crescesse – e tudo indica que não mostrou qualquer intenção de se privar de nada, no que respeita o bom manjar, quando atingisse a idade adulta. Assim foi.

Rei Henrique VIII de Inglaterra (1509-1547)

Peso estimado: 180 quilos

Henrique VIII foi um ‘monstro’ de obesidade, apontam os historiadores. Apesar dos quilos a mais, ficou famoso pelas suas seis mulheres. Foi também o responsável pela fundação da Igreja Anglicana para que assim se pudesse casar com Ana Bolena, que mais tarde executaria por suspeita de traição. Nos retratos do pintor Hans Holbein, o monarca é retratado como sendo grande e robusto, extremamente gordo e com um “rosto em formato de lua cheia”. A imagem popular de Henrique enquanto comilão parece derivar, também, de outros elementos da sua reputação histórica: ele era “um valentão” e “maior que a própria vida”, então, por isso, seria um “glutão”, de acordo com o raciocínio histórico. No final da sua vida, Henrique era obeso mórbido.

Rainha Ana da Grã-Bretanha  (1702-1707)

Peso estimado: 130 quilos

Conforme indicam os registos históricos, Ana era uma mulher “caseira” que não contou com uma vida de casada particularmente feliz. Relatos sugerem que o seu marido, o príncipe Jorge da Dinamarca, era “um bêbedo e um chato”. Figura grosseira e ridícula, até o pai de Ana havia comentado: “Já convivi com ele bêbedo, mas também sóbrio, e não há nada nele que se aproveite”. A rainha Ana nunca gozou de boa saúde, e as gravidezes, quase constantes, que terminaram em abortos, não ajudaram história. Ela engravidou 17 vezes, mas apenas um filho sobreviveu à infância: Guilherme Henrique tornou-se o Duque de Gloucester, mas, infelizmente, acabou por morrer com apenas 11 anos. Ana morreu na manhã do dia um de agosto de 1714. Conta-se que ela se havia tornado tão obesa que o seu caixão precisou de ser carregado por 14 homens.