O Qatar vai para acolher um dos maiores torneios desportivos do mundo. O país prepara-se para uma enchente de visitantes devido ao Mundial 2022 e, por isso, convocou centenas de civis e diplomatas vindos do estrangeiro, para o serviço militar obrigatório.

De acordo com a Reuters, os recrutas vão operar nos postos de controlo de segurança nos estádios e treinam para gerir as filas, revistar adeptos, detetar de substâncias proibidas como álcool, drogas ou armas escondidas em barrigas falsas, rabos de cavalo ou forros de casacos.

Os civis foram informados de que tinham sido chamados para ajudar no Campeonato do Mundo e que era o seu “dever patriótico” fazê-lo, explicou uma fonte que tem conhecimento sobre o treino e a formação à Reuters. “A maioria das pessoas está lá porque tem que estar — não querem problemas”, salientou.

Os civis foram obrigados a apresentarem-se ao serviço, no início de setembro, a norte de Doha. Nos menos de três meses que têm para se prepararem para a nova função, os recrutas estão a ser ensinados sobre como abordar os adeptos com “linguagem corporal positiva, foco e um sorriso” para cumprir a declaração universal dos direitos humanos e evitar discriminar, de alguma forma, os fãs. A agência noticiosa refere ainda que alguns voluntários também estão a treinar ao lado da força recrutada.

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O grupo de civis convocado para ajudar na preparação do Mundial está em licença remunerada de quatro meses dos seus empregos — incluindo os diplomatas que, em outras situações, tinham conseguido adiar o seu serviço militar ou os funcionários de instituições como o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

O Qatar fez regressar responsáveis de várias missões no estrangeiro, incluindo na China, Rússia ou EUA. É expectável que possam regressar aos seus pontos de trabalho quando terminar o Campeonato do Mundo.

Desde 2014 que os homens deste país no Médio Oriente com idades compreendidas entre os 18 e os 35 anos treinam com os militares durante pelo menos quatro meses e recusar a convocatória pode levar a pena de prisão e ao pagamento de uma multa.

Contactado pela Reuters, um funcionário do governo do Qatar explicou que o programa de serviço nacional do país continuará normalmente durante o Mundial. “Os recrutas prestarão apoio adicional durante o torneio como parte do programa regular, tal como fazem todos os anos em grandes eventos públicos, tais como as celebrações do Dia Nacional”, afirmou, em comunicado.

O Qatar tem 2,8 milhões de habitantes — dos quais apenas 380 mil são naturais do país — e espera receber durante o Mundial mais de 1,2 milhões de visitantes. Para além de ter recrutado civis, o Qatar estabeleceu um acordo com a Turquia, que enviará 3.000 polícias de choque.