Nasceu no palácio de Buckingham a 21 de agosto de 1765, sendo o terceiro filho de Jorge III e Carlota e não era suposto suceder no trono. Aos 13 anos, começou a carreira na Marinha Real, e pelo que se sabe, adorava o tempo que passava no mar, navegando pela América e Antilhas, tornando-se almirante em 1811 e nomeado Duque de Clarence. Nunca escondeu a amante e companheira com quem viveu durante 20 anos. Dorothea Bland, mais conhecida como Dorotheia Jordan, era uma cortesã e atriz irlandesa e foi a mãe de dez filhos bastardos do rei Guilherme IV, naturalmente afastados da linha de sucessão.
A subida ao trono de Guilherme foi desencadeada por vários fatores. Em 1811, Jorge IV, o seu irmão mais velho, torna-se príncipe regente quando o seu pai Jorge III é declarado incapaz por causa dos distúrbios mentais. Foi vítima de porfiria, uma doença que afeta a pele e o sistema nervoso. A morte da única filha do seu irmão e sua sobrinha instalou o caos na sucessão de herdeiros, levando Guilherme a casar rapidamente com a princesa Adelaide Luísa Teresa Carolina Amélia de Saxe-Meiningen, de quem era 27 anos mais velho e que se tornou rainha consorte do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda e do Reino de Hanover de 1830 até 1837. Conheceram-se uma semana antes do casamento e tiveram duas filhas.
Com o trono cada vez mais perto, depois da morte do segundo filho de Jorge III e de Jorge IV, Guilherme seria coroado rei em junho de 1830.
Nos primeiros tempos, o seu reinado foi muito popular. Começou logo pela simplicidade da cerimónia da coroação. O rei não queria grandes extravagâncias, ao contrário do seu irmão. Recusava a pompa e a circunstância e era muitas vezes avistado a caminhar sozinho por Londres ou Brighton. O povo considerava-o próximo e despretensioso. Embora nunca pudessem ser seus herdeiros legítimos, o rei não esqueceu os seus filhos bastardos, atribuindo-lhes títulos e bens.
Whig vs Tory
Quanto aos assuntos da coroa, todo o reinado foi atravessado pela crise da reforma e o rei Guilherme IV teve de tomar decisões, no meio duma efervescente batalha política. Desde que assume as rédeas do reino, o quotidiano era de incerteza, uma vez que Guilherme desconfiava de muitos políticos ligados à fação Whig que combatiam pelos seus interesses contra os Tory. Os Whig – palavra de origem gaélica escocesa – era o termo popular usado para chamar ao partido que reunia as tendências liberais do Reino Unido, em contraponto com os Tory, ou Tory Party, de origem irlandesa, fundados a partir duma linhagem mais conservadora. Foram duas fações em oposição ao longo do século XVIII, em Inglaterra. Pessoalmente contrário à reforma parlamentar, o rei Guilherme aceitou de má vontade a Lei de Reforma de 1832, que, ao transferir a representação dos “bairros podres” despovoados para os distritos industrializados, reduziu o poder da coroa britânica e da aristocracia latifundiária sobre o governo.
O despedimento de William Lamb, 2º Visconde de Melbourne terá sido o culminar de muitas divergências políticas, discórdias parlamentares, pressões, avanços e recuos dos Whig e Tory pelo poder. No entanto, quaisquer que fossem os motivos do rei, este episódio foi uma página de história, pois marcou um ponto de viragem nas relações entre o soberano e o Estado. O despedimento da administração Whig, em 1834, representa a última vez que um monarca se atreveu a desafiar a autoridade de um governo que tinha sido eleito com o apoio popular do público.