Nasceu algures no ano de 1166 e morreu a 18 ou 19 de outubro de 1216, em Newark, no condado de Nottinghamshire, em Inglaterra. João de Inglaterra era o filho mais novo de Henrique II e Leonor da Aquitânia, uma das mulheres mais ricas e poderosas da Idade Média. O seu reinado medieval, entre 1199 e 1216, foi marcado por muita polémica e inúmeras disputas e ainda hoje tem o seu nome inscrito no folclore britânico e em rimas infantis. Travou guerras dentro e fora da corte, perdeu a Normandia para os franceses, e até com o Papa Inocêncio III discutiu, levando à sua excomunhão em 1209.

Embora persista a corrente de que era um “general capaz”, alguns historiadores destacam-no com “traços de personalidade perigosos”, como mesquinhez, maldade e crueldade. A era vitoriana inundou-se de histórias sobre a sua tirania e o rei João de Inglaterra permanece até hoje como um personagem recorrente na cultura popular ocidental, surgindo como vilão em algumas lendas de Robin Hood.

A Magna Carta

Não se saberá se tinha ou não mau feitio, mas o que é certo é que muitos se opuseram à sua má administração da corte e ao falhanço da sua ambição. Foi na Guerra com o rei francês Filipe II que perdeu a Normandia e quase todos os territórios em França, resultando na queda de quase todo o Império Angevino e contribuindo para o crescimento da dinastia Capetiana no século XIII. Em Inglaterra, depois da revolta dos barões altamente insatisfeitos com as suas medidas desastrosas, o rei foi forçado a assinar a Magna Carta, em 1215, um documento que limitava o poder dos monarcas de Inglaterra, vedando o seu exercício absoluto. A origem deste acordo resultou da discórdia forjada entre o rei João, a Igreja e os barões ingleses acerca das prerrogativas do soberano. Segundo as cláusulas e princípios da Magna Carta, o rei deveria renunciar a certos direitos e respeitar certos procedimentos, bem como reconhecer que estaria obrigado a ceder à lei. Considera-se a Magna Carta como um dos passos primordiais de um longo processo histórico que conduziria ao constitucionalismo.

As joias na lama

Foi um confronto com as forças francesas que levaria não só à sua morte, mas a mais uma nódoa no currículo: a perda das Joias da Coroa. A BBC faz notícia de um habitante local que ainda se dedica a procurá-las no local onde supostamente se perderam há 800 anos. Não há datas extremamente exatas, mas há historiadores a apontar o dia 12 de outubro de 1216 quando acontece a desastrosa perda. Com cercos e rebeliões por toda a parte, o rei João estaria a oeste de Norfolk com as suas tropas, mas teria enviado as suas carruagens de mercadorias e tesouros da corte para atravessar um estuário do rio Walsh, a leste de Inglaterra. Ao que parece, por desleixo ou falta de planeamento, o rei fez mal as contas com a subida da maré e o seu precioso comboio de bagagens foi engolido pela subida das águas, levando atrás as joias da coroa. As mercadorias que iam nos vagões perderam-se, assim como a coroa e os tesouros do rei. Uma semana mais tarde, João perdeu a vida com disenteria. Foi sucedido pelo seu filho, o Rei Henrique III, que reinou 56 anos até 1272.

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