Quando uma equipa começa muito bem uma temporada, com uma série prolongada de vitórias consecutivas, depressa surgem os arautos da desgraça. “Isto é só até perderem pela primeira vez”, “depois da primeira derrota é que se vê”, “ainda não jogaram contra verdadeiros adversários” — as frases são muitas e variadas e parecem antecipar sempre o pior. Se o Benfica ainda está a atravessar essa fase, porque ainda não perdeu, o Sp. Braga já iniciou o passo seguinte.

Depois de oito vitórias seguidas e nove partidas consecutivas sem perder, os minhotos sofreram a primeira derrota da temporada na sexta-feira, frente ao FC Porto e no Dragão. E se o fim de semana será de óbvia retoma, com uma receção ao Desp. Chaves em que a vitória é obrigatória depois de os dragões terem igualado o segundo lugar do Campeonato, esta quinta-feira servia para mostrar que os arautos da desgraça estavam e estão errados.

O mote está dado: é um por todos e todos por Taremi (a crónica do FC Porto-Sp. Braga)

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Na Pedreira, a contar para a terceira jornada da fase de grupos da Liga Europa, o Sp. Braga recebia os belgas do St. Gilloise. As duas equipas chegavam à partida igualadas com seis pontos no topo do Grupo D, já que ambas tinham vencido o Malmö e o Union Berlim nas duas jornadas anteriores — logo, o objetivo de minhotos e belgas era vencer e descolar na liderança do grupo.

“Queremos dar uma boa resposta. Vínhamos de um percurso sem derrotas, um percurso muito bom até ao Dragão e, infelizmente, perdemos. A equipa soube reagir muito bem, trabalhou bem e vai apresentar-se amanhã muito competitiva, com muita vontade de vencer. Vamos fazer tudo para oferecer uma vitória aos nossos adeptos. A nossa ideia passa por ficar no primeiro lugar do grupo. Queremos ganhar amanhã e ganhar os outros jogos. O nosso adversário tem os mesmos pontos, é uma equipa difícil, que joga bem. Vai ser um bom jogo estamos muito focados naquilo que queremos fazer. Vamos dar uma resposta muito boa em relação ao último jogo, ganhando”, disse Ricardo Horta, o capitão de equipa, na antevisão.

Assim, no Minho, Artur Jorge lançava Ricardo Horta, Vitinha e Abel Ruiz no ataque, com Uros Racic, André Horta e Castro a surgirem no meio-campo, e deixava Banza no banco para além de apostar em Paulo Oliveira em detrimento de Niakaté no eixo defensivo. O jogo começou com muita intensidade, sendo que o St. Gilloise procurava claramente o lado físico de cada duelo e o Sp. Braga ia tentando ter bola e assumir algum ascendente.

Os belgas tiveram dois golos anulados, primeiro por mão na bola de Van der Heyden antes de rematar (11′) e depois por fora de jogo de Nieuwkoop (24′), e os minhotos responderam com um pontapé de Racic que Moris defendeu (37′) e outro de Castro que passou por cima (38′). A melhor oportunidade da primeira parte surgiu já nos descontos, com Boniface a acertar na trave com estrondo (45+3′), e o jogo foi mesmo para o intervalo empatado e sem golos.

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo, o Sp. Braga voltou a entrar melhor e chegou à vantagem ainda nos cinco minutos iniciais do segundo tempo: Vitinha desequilibrou pela direita, cruzou para o coração da grande área e Abel Ruiz, de primeira, atirou para abrir o marcador (49′). O mesmo Vitinha ficou muito perto de aumentar a vantagem logo depois, com Moris a ser decisivo (51′), e Ruiz quase bisou ao aparecer na cara do guarda-redes para permitir a defesa do belga (60′).

Artur Jorge mexeu pela primeira vez a 25 minutos do fim, lançando Rodrigo Gomes no lugar de André Horta, e só voltou a fazer substituições já à beira dos últimos 10 minutos, colocando Banza e Lainez para refrescar o ataque e oferecer velocidade à recuperação à perda de bola. O golpe de teatro, porém, estava reservado para os últimos minutos: Nilsson empatou (86′) e ainda bisou já nos descontos (90+4′) para carimbar a reviravolta e garantir a vitória do St. Gilloise na Pedreira. O Sp. Braga sofreu a segunda derrota da época de forma consecutiva e falhou a manutenção do primeiro lugar do Grupo D da Liga Europa, tendo agora menos três pontos do que o St. Gilloise.