Desde que chegou ao comando da Roma, no verão do ano passado, que José Mourinho tem vivido numa espécie de teoria da compensação: sempre que parece estar numa fase má, recupera e dá a volta com um qualquer golpe de teatro. Uma vitória frente a um dos principais rivais depois de uma derrota em casa, a conquista da Liga Conferência depois do sexto lugar na Serie A, a contratação de Dybala depois da saída de Mkhitaryan — Mourinho dá sempre a volta.

E a lógica mantém-se esta temporada. Depois da goleada com a Udinese e a derrota com o Ludogorets na Liga Europa, a Roma venceu o Empoli e reagiu nas competições europeias frente ao HJK. Depois da derrota em casa com a Atalanta, respondeu com uma vitória importante no Giuseppe Meazza contra o Inter Milão. Esta quinta-feira, no Olímpico, era tempo de prolongar a reação contra o Betis para igualar os espanhóis na liderança do grupo da Liga Europa e voltar a ficar completamente dentro da corrida pelo apuramento.

Imperador de Roma, omnipresente em Milão: Mourinho vence Inter no San Siro pela primeira vez

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Defrontamos uma equipa que tem um grande treinador [Manuel Pellegrini] e uma filosofia de jogo muito própria. Um rival que tem vindo a ganhar e que conta com jogadores experientes e internacionais. Também é difícil para eles. São onze contra onze mais os 60 mil a nosso favor nas bancadas. Confio no meu onze e na nossa gente. Necessitamos muito dos três pontos, os três pontos que temos não são suficientes”, disse o treinador português na antevisão da partida.

Assim, na capital italiana, Mourinho lançava Dybala e Zaniolo no apoio a Abraham, com Cristante e Matic a surgirem no meio-campo ladeados por Çelik e Zalewski. Do outro lado, num Betis que levava duas vitórias em duas jornadas na Liga Europa e que está no quarto lugar da liga espanhola, nem William Carvalho nem Rui Silva eram titulares, com Willian José a ser a referência ofensiva da equipa de Pellegrini.

Mourinho enfrentou uma contrariedade logo nos primeiros minutos, sendo forçado a tirar Çelik por lesão e lançando Spinazzola no lugar do turco. O Betis ficou perto de abrir o marcador ainda nos 10 minutos iniciais, com Rui Patrício a evitar o golo de Canales em duas ocasiões (8′) e Fekir a acertar no poste (13′). Pellegrini acabou por ser confrontado com a mesma adversidade que afetou o treinador português, tendo de trocar Fekir por Luiz Henrique por lesão do francês, e o azar dos espanhóis prolongou-se até uma grande penalidade cometida por mão na bola de Ruibal. Na conversão, Dybala abriu o marcador (34′).

A vantagem da Roma, porém, durou pouco mais de cinco minutos. Mesmo à beira do intervalo, Rodríguez atirou um pontapé em jeito para bater Rui Patrício e empatar a partida (40′), sendo que os italianos tiveram ainda duas oportunidades para reconquistar a vantagem por intermédio de Zaniolo e Dybala. Ao intervalo, porém, estava tudo empatado no Olímpico.

O jogo manteve-se empatado durante praticamente toda a segunda parte mas, numa altura em que tanto Mourinho como Pellegrini já pensavam no prolongamento, Luiz Henrique carimbou a reviravolta (88′) e deu a vitória ao Betis, deixando os espanhóis na liderança do Grupo C e a Roma no terceiro lugar com menos um ponto do que o Ludogorets. Esta quinta-feira, o treinador português foi traído pelos próprios golpes de teatro — e nem os 60 mil nas bancadas mais os onze em campo lhe valeram.