“O título de Max Verstappen foi adiado. Provavelmente, não por muito tempo”. O título do The New York Times na antecâmara do Grande Prémio do Japão resumia em duas frases não só o que aconteceu na última prova, em Singapura, mas também aquilo que poderia agora vir a acontecer em Suzuka. E o próprio neerlandês contava com uma pequena grande diferença apenas uma semana depois – dependia apenas de si, necessitando de uma vitória com volta mais rápida como conseguiu por quatro vezes em 2022 (Emília Romanha, Miami, Bélgica e Países Baixos) para selar de imediato o bicampeonato de Fórmula 1. Todavia, faltava esse último passo. E uma qualificação conseguida para ficar mais perto desse objetivo.

Com a ditadura do tempo pelo meio, Sergio Pérez vence em Singapura seguido dos Ferrari e adia xeque-mate de Verstappen

Depois de uma primeira sessão de treinos livres dominada entre Alpine e Ferrari, a segunda terminou com os dois Mercedes na frente (George Russell mais rápido do que Lewis Hamilton) e os dois Red Bull logo de seguida. Max Verstappen, o foco de todas as atenções depois de ter falhado por completo a qualificação em Singapura e a própria corrida, acabou como terceiro mais rápido mas a instabilidade do tempo, os treinos com piso molhado e as prováveis alterações na luta pela pole position colocavam tudo “no zero”.

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“Os tempos de hoje não são muito representativos por causa da chuva. É difícil dizer onde estamos agora, mas é sempre bom pilotar aqui. Felizmente, também não foi tão mau a nível de humidade, pudemos correr bem e fazer algumas coisas básicas mas não mais do que isso. É por isso que estou ansioso para amanhã [sábado], para ver como nos saímos em condições secas. Vamos começar do zero novamente, nós como toda a gente”, comentou o atual campeão mundial depois da segunda sessão de treinos livres.

O traçado de Suzuka reportava de forma obrigatória para aquilo que foi o início do fenómeno neerlandês. Muitos podem não recordar-se mas foi ali que, em outubro de 2014, Max experimentou pela primeira um Fórmula 1 em termos oficiais, conduzindo o Toro Rosso que pertencia a Jean-Éric Vergne na primeira sessão de treinos livres do Grande Prémio do Japão com apenas 17 anos e três dias, quase como uma prenda de anos que lhe valeu o estatuto de piloto mais novo de sempre a participar num fim de semana de corrida uns meses depois de se ter juntado à Red Bull Junior Team na sequência dos testes que fez na Fórmula Renault 3.5 e de uma proposta rejeitada para ser piloto de desenvolvimento… da Mercedes. Tudo mudou e era agora contra a marca alemã e a Ferrari que tentava ganhar vantagem para fechar o título.

A chuva parou, a pista secou, a história mudou por completo em relação ao primeiro dia. E por aquela que foi a diferença mais pequena este ano em qualificações, Max Verstappen foi 0,010 segundos mais rápido do que Charles Leclerc, carimbando mais uma pole position esta temporada (1.29,3014-1.29,314). Na segunda linha da grelha, mais dois carros de Red Bull e Ferrari, com Carlos Sainz (1.29,361) à frente de Sergio Pérez (1.29,709). Na casa do 1.30, os Mercedes não foram além de sexto (Lewis Hamilton) e oitavo lugar (George Russell), superados pelos Alpine de Esteban Ocon (quinto) e Fernando Alonso (sétimo).

“Estou muito contente por estar na pole. Vai ser interessante ver como se comporta o tempo mas estou confiante porque temos um bom carro”, comentou no final o piloto neerlandês, que conseguiu pela sexta vez terminar na frente uma qualificação naquela que foi a 18.ª pole da carreira. E no regresso à Fórmula 1 a Suzuka três anos depois, Verstappen tentará a primeira vitória no Grande Prémio no Japão.