Chamava-se Henrique VII e foi o primeiro monarca da casa Tudor, uma das dinastias mais importantes da coroa britânica. Foi rei de Inglaterra e Lorde da Irlanda entre 1485 até à sua morte, em 1509. Foi descrito como Winter King e um dos mais manipuladores e obscuros da coroa britânica que “nunca conheceu a paz”.
Conquistou a coroa a pulso a 30 de outubro de 1485, depois de derrotar o rei Ricardo III da Casa de York, no campo de batalha de Bosworth. Chegou ao trono por direito de conquista e não por sucessão natural, no final do período da Guerra das Rosas — a Vermelha da Casa Lancaster e Branca da Iorque — que durante décadas opôs os dois brasões na luta pelo poder. Henrique era Lancaster por parte da mãe Margareth Beaufort.
Após a vitória no campo de batalha, onde morreu o próprio rei Ricardo III, a ambição de Henrique VII cumpre o seu voto, ao casar-se com Isabel de York, do brasão rival, unindo simbolicamente as duas antigas fações sob a nova dinastia. Tiveram oito filhos, entre os quais Henrique VIII, que sucedeu ao trono.
Henrique VII foi o fundador da dinastia Tudor da qual fizeram parte cinco monarcas, durante mais de um século. Foi considerado um regente diplomaticamente astuto, tanto ao lidar com o Parlamento e a nobreza, como ao negociar tratados com potências estrangeiras. O seu cuidado com assuntos económicos e comerciais não foi sempre bem recebido por parte da nobreza, mas é certo que modernizou a administração da coroa e introduziu métodos de tributação eficientes. Embora as medidas para assegurar os direitos reais fossem impopulares, especialmente entre os nobres que veriam muitos privilégios condicionados, aumentaram a riqueza da nação. Deixou um país rico e poderoso para o seu sucessor e filho Henrique VIII.
Ambição e desconfiança
Casada com o rei Edmundo Tudor, Margaret Beaufort, apenas com 13 anos, deu à luz o único filho do casal, Henrique, a 28 de janeiro de 1458, no Castelo de Pembroke, no País de Gales. Foi um parto longo e difícil e ninguém acreditava como é que um bebé poderia sair duma pessoa com tão frágil estrutura física, como Margaret. Ambos correram risco de vida, mas quem viria a morrer de peste, seria o próprio rei Edmundo que já não conheceu o filho. Morreu três meses antes.
Toda a juventude de Henrique conheceu a adversidade e o perigo de traição ou morte. Há historiadores que apontam o seu caráter calculista, paciente e vigilante como fruto desse estado de alerta em que sempre viveu. Os retratos e descrições existentes sugerem um homem de aspeto cansado e ansioso, com pequenos olhos azuis, maus dentes e cabelo branco fino. Muitos historiadores advertem que se mostrava sorridente, mas por dentro, era um homem “desconfiado e inseguro”.
A moeda do rei
Porém, a sua aptidão para as finanças e economia do reino era notável, em tempos que eram difíceis. Christopher Morris, historiador e autor de “Os Tudors”, um ensaio de 1955 sobre a dinastia e o seu impacto na história inglesa, escreve que Henrique VII foi um homem “extremamente inteligente, possivelmente o mais inteligente que já se sentou no trono inglês, um génio para manobras cautelosas, para a negociação delicada, aliado a uma grande paciência e muito trabalho. Estas são qualidades admiráveis e inestimáveis para um líder político em tempos difíceis.”
Em 1489, Henrique VII deu ordens para se emitir uma nova moeda de ouro, a “soberana”. A soberana representava o esplendor da nação e foi fabricada na Torre de Londres. Cunhada a partir do ouro mais fino e puro da época, entre 1502 e 1509, a moeda foi estampada com o perfil do soberano. Não se sabe se terá passado pelas mãos do rei a que foi encontrada o ano passado, em escavações, na ilha de Terra Nova, no Canadá. Sabe-se que terá pertencido ao seu reinado e terá sido cunhada no final do século XV. Segundo os arqueólogos, a peça com mais de 500 anos terá valido dois centavos.