O explosivo que no domingo feriu gravemente duas pessoas num campo agrícola, em Moçambique, era uma mina antipessoal que terá sido colocada durante a guerra civil, anunciou hoje a polícia.

“O explosivo era antigo” e “pode ter sido [uma mina] colocada e esquecida durante a guerra civil” moçambicana, de 1977 a 1992, disse Mateus Mindu, porta-voz da polícia na província de Manica.

Em conferência de imprensa, o responsável afastou qualquer possibilidade de a mina ter saído do campo de treino militar – designado de Polígono -, no mesmo distrito de Vanduzi, onde uma missão da União Europeia (UE) prepara forças moçambicanas para combater em Cabo Delgado.

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A explosão aconteceu no domingo quando dois homens, de 22 e 37 anos, que trabalhavam no campo, usaram a mina para reparar uma enxada, sem saberem do que se tratava.

As vítimas estão internadas no Hospital Provincial de Chimoio, capital provincial de Manica, com ferimentos nos membros e no tronco.

Engenhos explosivos perdidos, por desativar, são uma herança de tempos de conflito em Moçambique.

O país declarou-se livre de minas antipessoais em 2015, ao cabo de mais de duas décadas de um programa de desminagem em todo o país – que na altura era um dos cinco mais ameaçados do mundo.

No entanto, vários acidentes têm-se sucedido.

Em março de 2020, três crianças morreram num campo de cultivo, após uma mina ter sido acionada por uma enxada, no distrito de Morrumbala.

O caso mais grave aconteceu em setembro do mesmo ano, quando sete pessoas morreram na sequência do rebentamento de um engenho explosivo no distrito de Pebane, também na província da Zambézia.

No ano anterior, em 2019, as autoridades da Zambézia desativaram um total de sete minas, a maioria encontradas em terrenos atualmente junto a habitações.