A secretária de Estado da Inclusão, Ana Sofia Antunes, terminou esta quarta-feira uma visita à Venezuela, “profundamente tocada” pela solidariedade entre luso-venezuelanos, e levando na bagagem as preocupações de cariz social dos portugueses e as dificuldades que têm para conseguir apoios.

“É impossível passar por aqui e não ficar profundamente tocado com o que se faz, com o muito que se faz, com o pouco que se tem e, acima de tudo, o que levo daqui, destas experiências, é um conjunto de preocupações de cariz mais social que estão a afetar os cidadãos portugueses que enfrentam maiores necessidades“, disse.

Ana Sofia Antunes falava à Agência Lusa, em Caracas, na sede da ONG “Regala Una Sonrisa”, que atende anciãos em situação de abandono e portugueses sem abrigo, depois de se ter reunido com portugueses em Arágua e Maracay.

Segundo a secretária estas preocupações são “ao nível dos apoios sociais para o emigrante carenciado e dos apoios de saúde médica”, que também “são apoios do Ministério dos Negócios Estrangeiros (de Portugal), mas que efetivamente precisam de alguma desburocratização e de dar alguns avanços”.

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Durante quatro dias, ouviu ainda relatos de preocupações com “problemas e dificuldades na obtenção de apoios para outras realidades sociais, como a questão do apoio em situação de morte de familiar”.

Na Casa Portuguesa de Arágua e no Centro Português em Caracas, constatou “outro tipo de realidade e necessidades” dos concidadãos, como “a questão, no estabelecimento do convénio, para que possam efetivamente ser concretizados descontos para efeitos de segurança social de cidadãos portugueses e lusodescendentes a trabalhar na Venezuela, no sistema de Previdência social de Portugal”.

“É uma das preocupações que levo, para averiguação jurídica e possível concretização”, frisou.

Ana Sofia Antunes explicou ainda que há projetos sociais em curso na Venezuela, “que Portugal também se orgulha de apoiar, através do seu programa de cooperação do Ministério dos Negócios Estrangeiros e que anualmente procura incentivar o surgimento de iniciativas que façam com que estas instituições (luso-venezuelanas) possam fazer cada vez melhor o seu trabalho e apoiar mais pessoas”.

“É a primeira vez que estou na Venezuela. É uma experiência que me está a marcar bastante. O senhor embaixador (João Pedro Fins do Lago) teve o cuidado de preparar um programa bastante diversificado, em que o contacto com as comunidades pudesse ser feito em vários locais do país, mas acima de tudo com membros da comunidade portuguesa com diferentes realidades sociais e económicas”, disse.

Por outro lado, além da ONG “Regala Una Sonrisa”, a secretária de Estado da Inclusão elogiou o funcionamento do Lar Geriátrico Luso-venezuelano de Maracay e do Lar da Terceira Idade Padre Joaquim Ferreira (Caracas).

“(São) lares que, contando com uma forte mobilização da comunidade portuguesa e da comunidade empresarial portuguesa e não só, puderam ser edificados e que hoje estão a prestar um importante apoio, maioritariamente aos idosos portugueses ou lusodescendentes”, disso.

Ana Sofia Antunes disse ainda que sempre “encarou” os luso-venezuelanos, inclusive os que chegaram a sair da Venezuela em alguns momentos mais complexos e que acabaram por retornar, como “uma comunidade muito resiliente, muito forte, que procurou levar tudo à frente, obviamente com níveis diferentes de concretização e de realização dos seus objetivos aqui neste país”.

“Pude efetivamente reforçar essa minha visão e esse contexto e perceber que quem está, está de pedra e cal, está para ficar e não vai virar costas ao país que os acolheu nem à vida que aqui construiu”, disse.

No entanto, sublinhou que precisam “sim, em determinados momentos, e quando falamos de uma faixa populacional mais carenciada, mais débil, que Portugal, não se esqueça deles e que esteja cá para dar essa retaguarda que é tão importante nos momentos mais de maior fragilidade”.