O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, considera que a Comissão de Acompanhamento da Resposta em Urgência de Ginecologia, Obstetrícia e Bloco de Partos está a “causar alarme na população, sobretudo nas cidades em que estão a pensar encerrar os serviços de urgência”, disse esta quinta-feira, 13 de outubro, em declarações à Rádio Observador.
Em causa está a divulgação não oficial das urgências que, para solucionar crise em serviços de Obstetrícia e Ginecologia, esta comissão propõe encerrar. A Ordem dos Médicos “não teve acesso a nenhuma proposta”, esclarece. A proposta para encerrar os serviços naquelas unidades foi divulgado, destaca,”ser conhecido o documento antes, sem existir a devida fundamentação, sem darem conhecimento oficial à Ordem dos Médicos e, aparentemente, sem darem conhecimento ao senhor Ministro da Saúde, por aquilo que eu depreendo das suas palavras”, acrescentou.
Miguel Guimarães considera que quem coordenada comissão (neste caso, Diogo Ayres de Campos, responsável pela Obstetrícia do Hospital de Santa Maria) deve ser “questionado”, porque isto não é um “bom serviço público que se está a prestar”.
Obstetrícia. “Comissão de acompanhamento causou alarme na população”
Comissão entregou proposta ao governo, diz coordenador
A falta de articulação, considera Miguel Guimarães, é sintomática de algo que “falhou”: “Só quem está a dirigir a Comissão pode explicar como é que uma notícia destas vem cá para fora sem qualquer fundamentação”, disse. “Além da OM, “que falassem com as administrações, que falassem com as câmaras municipais, que têm feio um trabalho extraordinário de proximidade — nomeadamente, durante a pandemia, nem é preciso estar a recordar.”
Diogo Ayres de Campos garante à Rádio Observador que o Governo já recebeu a proposta que reorganiza os serviços de urgências, tendo esta sido entregue ao Ministro da Saúde — e que deverá ser conhecido dentro de três semanas. De acordo com informação avançada por vários meios de comunicação social, a comissão propõe o encerramento dos serviços de urgência de Ginecologia e Obstetrícia das unidades de saúde de Vila Franca de Xira, Barreiro, Covilhã e Castelo Branco.
Garante ainda que o “documento incluiu os fundamentos que justificam o encerramento de determinadas urgências”, recusando-se, no entanto, a avançar com os motivos. Adianta que a comissão que lidera não vai ouvir as administrações dos hospitais ou as autarquias onde estão localizados os serviços de urgências que podem vir a fechar no próximo ano”, uma vez que “cabe ao governo alargar a discussão, se assim entender necessário”.